Lula diz que Nísia fala “manso”, mas passa credibilidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta 2ª feira (8.abr.2024) que ministra da Saúde, Nísia Trindade, fala “manso”, mas tem credibilidade em seus discursos. O petista contou que pediu para que ela “falasse grosso” na comunicação da Saúde, mas que ela teria respondido não ser possível atender à demanda por ser mulher.

“Outro dia, numa reunião dos ministérios, eu disse para Nísia que ela tem que falar grosso na questão da saúde. Estava com aquele problema dos hospitais do Rio de Janeiro, e a Nísia respondeu para mim o seguinte: presidente, eu não posso falar grosso porque eu sou mulher, eu falo manso”, afirmou Lula.

O petista participou de entrevista com jornalistas especializados em saúde, mas fez um breve comentário depois de uma apresentação de Nísia. Disse que não falaria mais para que suas palavras não monopolizassem as manchetes sobre o evento.

Assista ao evento: 

Lula afirmou ainda que, por Nísia falar “manso”, não há ninguém que não acredite nas coisas que a ministra fala.

“Eu não vou falar porque, a experiência, quando eu falo, é que se eu falar alguma bobagem, a bobagem vira manchete, não o que você falou. Então, como você fez uma extraordinária apresentação, eu pretendo não falar e fazer um comentário do seguinte: vocês estão acompanhando e vocês viram que tem um canal da Saúde, onde o Ministério da Saúde, a partir de agora, vai poder prestar orientação aos milhares de agentes de saúde espalhado nesse Brasil”.

Antes de deixar o local do evento, Lula recebeu publicamente a vacina de gripe para incentivar a população a não ter medo de fazer o mesmo, segundo ele. O petista brincou ao ironizar uma fala do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a vacina contra a covid-19 e disse que quem se imuniza não “vira jacaré”.

CRISE NA SAÚDE

Nísia tem sido bombardeada por críticos à sua gestão, pressionada pelo número recorde de casos de dengue no século e pela revelação do estado precarizado dos hospitais federais no Rio de Janeiro. Além das crises internas, há um fator exógeno a ameaçar o posto da ministra. São as constantes investidas do Centrão, interessado em derrubá-la para indicar um nome para o ministério mais endinheirado da Esplanada.

Em sua defesa e por orientação do próprio Lula, Nísia tem aumentado suas aparições públicas e a frequência de entrevistas, rompendo com seu perfil mais discreto e técnico da época em que comandava a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). 

Em entrevista à CNN Brasil em 21 de março, a ministra falou pela 1ª vez que as críticas à sua administração estão também ligadas a uma análise machista. Disse não compactuar com o perfil “agressivo” e impositivo cobrado por parte dos congressistas, que exigem sobretudo celeridade e regras claras na liberação de emendas parlamentares.

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