Incerteza fiscal se sobrepõe e Bolsa cai 2,74% após choque de juros

O Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), fechou nesta 5ª feira (12.dez.2024) aos 126.042,21 pontos. Representa uma queda diária de 2,74%. Já o dólar comercial voltou a romper a barreira dos R$ 6. A cotação da moeda norte-americana foi a R$ 6,01 no encerramento –alta de 0,69%.

As incertezas na parte fiscal se sobrepuseram ao choque de juros anunciado pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Na 4ª feira (11.dez), o colegiado decidiu subir por unanimidade a Selic em 1 ponto percentual. Com isso, a taxa encerrou 2024 em 12,25%. O BC (Banco Central) também sinalizou “ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, caso haja a confirmação de “cenário mais adverso para a convergência da inflação”. A tendência é de que a taxa básica de juros vá a 14,25% em março de 2025.

As Bolsas dos EUA também recuaram com o aumento de 17.000 no número de pedidos de auxílio-desemprego no país, na semana encerrada em 7 de dezembro. Foram 242 mil, acima do esperado por analistas (220 mil).

Eis o desempenho das principais bolsas no mundo:

DÓLAR COMERCIAL

Na 4ª feira (11.dez), atingiu R$ 5,99 depois do anúncio de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 79 anos, passaria por um novo procedimento na cabeça.

PACOTE FISCAL

Ao Poder360, a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) disse nesta 5ª feira (12.dez) que a decisão do BC de elevar a Selic em 1 p.p se deve parcialmente ao pacote de gastos ainda não ter avançado no Congresso. Também afirmou que a aprovação do texto em 2024 tem o potencial de mudar a indicação do Copom de que deve promover duas novas altas da mesma magnitude.

“Nós temos margem para trabalhar, antes do próximo Copom, com a aprovação do ajuste ainda esse ano, das 3 medidas. Fazendo o dever de casa, a gente pode ter uma expectativa positiva de que aquilo que foi anunciado como projeção para o próximo Copom não venha acontecer no futuro”, declarou.

A ministra disse divergir de parte da equipe econômica quanto à possível causa da alta da taxa básica de juros. Declarou que o Brasil vai bem, com emprego e PIB (Produto Interno Bruto) crescendo, mas que a razão para impulsionar o câmbio e a taxa de juros não é “só o fator externo”. Sobre a sinalização do Copom, afirmou que olhará o “day after”.

O pacote do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca cortar gastos. Ao detalhar as medidas em 28 de novembro, o impacto estimado pela equipe econômica foi de R$ 71,9 bilhões para 2025 e 2026. A projeção para os próximos 6 anos é de R$ 327 bilhões.

Tebet disse que o Congresso Nacional é “fiscalista” e tem uma visão “mais liberal” na economia. Ela afirmou que a bancada do MDB na Câmara fechou questão a favor do pacote fiscal.

“Fiz o meu dever de casa com o MDB, saí de lá com unanimidade quase. O MDB é muito ponta firme, sejam os mais governistas ou mais da oposição, sabem da importância do ajuste fiscal para o social, para o impacto na inflação”, disse.

A chefe do Planejamento esteve reunida na 4ª feira (11.dez) com integrantes da bancada do MDB na Câmara na tentativa de destravar o pacote fiscal.

DESAFIO

Para a ministra, o mais desafiador de ter uma aprovação é o projeto de lei que especifica as mudanças no cadastro do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e do Bolsa Família.

“Não é a PEC que é mais difícil, que precisa de um quórum mais qualificado. É aquele que não precisa de quórum qualificado, que é o PL. Mas por que ele é mais difícil? Porque ele fala de salário mínimo e do BPC. E o PLP, que são só gatilhos, eu acredito que esse vai ser o mais fácil de ser aprovado”, declarou.

A chefe do Planejamento disse que “tem que dar mais clareza” às mudanças que envolvem o BPC.

Na 4ª feira (11.dez), o ministro Fernando Haddad (Fazenda) também disse ser possível fazer ajustes no texto. Ele falou sobre o tema ao responder sobre possíveis ajustes na proposta por causa de resistências de congressistas, em especial do PT, a mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada).

“As coisas estão andando bem. As pessoas estão compreendendo melhor as necessidades de ajustar redação para evitar judicialização, evitar que o programa não atenda aos seus objetivos. Então está indo bem a conversa com os parlamentares. Estamos tirando dúvidas. Se precisar melhorar a redação, vai ser melhorada a redação”, declarou.

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