Lula foi menos ao exterior por saúde, mas teve vitórias com G20 e Mercosul-UE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou 26 dias fora do Brasil em seu 2º ano de governo no 3º mandato. O período é cerca de um terço menor do que o tempo que o petista passou no exterior em 2023. Lula fez menos visitas de Estado e ficou impedido de participar de cúpulas em outubro e novembro por causa de uma queda em que bateu a cabeça.

O pestista passou 88 dias no exterior desde que voltou à Presidência em 2023. Ao todo, visitou os 5 continentes ao passar por 32 países em 24 viagens. Somente em 2024, foram 8 novos países.

Logo no início de sua gestão, disse que sua 1ª tarefa era “recolocar o Brasil na geopolítica internacional” e recuperar a imagem externa do país. Por isso, participou das principais cúpulas, como o G20 e o Brics, e fez visitas de Estado importantes aos Estados Unidos, China e Argentina, por exemplo.

Em 2024, porém, Lula priorizou viagens no Brasil. Disse que no início do ano que se dedicaria a rodar pelos Estados para visitar obras e fazer entregas em programas sociais como o Minha Casa, Minha Vida. O giro interno tinha como objetivo reforçar a imagem de prefeitos aliados e de integrantes de sua base que fossem disputar as eleições municipais.

O PT esperava ter um bom resultado eleitoral na disputa municipal com Lula na Presidência, mas o desempenho do partido foi fraco diante da expectativa. Ainda assim, conseguiu aumentar o número de prefeitos em grandes cidades (aquelas com mais de 200 mil eleitores), passando de 4 para 6. E também ao eleger um nome para comandar uma capital depois de um hiato no pleito de 2020. Evandro Leitão (PT) venceu em Fortaleza (CE).

Um acidente doméstico tirou Lula de 4 viagens internacionais que faria no 2º semestre deste ano. Em 19 de outubro, o petista, de 78 anos, sofreu uma queda em um dos banheiros do Palácio da Alvorada. Bateu a cabeça e precisou levar 5 pontos.  Ele embarcaria no dia seguinte para Kazan, na Rússia, para a cúpula do Brics (bloco formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Lula ficou proibido de viajar de avião por cerca de 1 mês. Além do encontro na Rússia, o presidente deixou de participar:

  • da COP29, a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) para o clima, realizada em Baku, no Azerbaijão;
  • da COP16, a conferência da ONU para a biodiversidade, organizada em Cali, na Colômbia,
  • da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), realizada em Lima, no Peru.

Em 2023, problemas de saúde também haviam prejudicado viagens de Lula ao exterior. Em março do ano passado, ele adiou em 15 dias uma viagem que faria à China para se recuperar de uma broncopneumonia bacteriana e viral pelo vírus influenza A.

No final de setembro daquele ano, o presidente precisou passar por uma cirurgia no quadril por causa de uma artrose na perna direita. A doença é um desgaste na articulação, que no caso de Lula acomete a que fica entre o quadril e o fêmur. Entenda aqui como funciona o procedimento. Ficou 3 semanas recluso no Palácio do Alvorada para evitar infecções e se dedicar a fisioterapia.

VITÓRIAS NA POLÍTICA EXTERNA

Ainda que tenha feito menos viagens ao exterior, Lula amealhou 2 importantes resultados da sua política externa em 2024. Emplacou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, sua principal iniciativa à frente do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo, a União Europeia e, desde o ano passado, a União Africana. Conseguiu obter a adesão de 82 países, 26 organizações internacionais, 9 instituições financeiras e 31 instituições filantrópicas e não governamentais. Todos os países que integram o G20 aderiram à iniciativa.

O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) já anunciou financiamento de US$ 25 bilhões (R$ 140 bilhões) para a Aliança Global. Além disso, o Banco Mundial será parceiro da plataforma, contribuindo com dinheiro não reembolsável e empréstimos com juros baixos e prazos adequados.

A realização da cúpula no Rio, em novembro, não teve percalços e foi considerada um sucesso pelos chefes de Estado participantes. Foi também palco do último grande evento internacional do qual o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (partido Democrata), participou. Em janeiro ele deixará a Casa Branca e será sucedido por Donald Trump (partido Republicano).

Outro feito relevante de Lula foi ter sido um dos principais articuladores para a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, anunciado em 6 de dezembro em Montevidéu, capital do Uruguai, durante a reunião dos presidentes do bloco sul-americano. O anúncio foi feito pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Na ocasião, Lula disse que o texto final é “moderno e equilibrado” e que reconhece “as credenciais ambientais do Mercosul”.

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