Flerte de Pacheco com Lula é visto como sinal de cargo na Esplanada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), trocaram elogios publicamente na 5ª feira (16.jan.2025) em cerimônia no Palácio do Planalto para sancionar a regulamentação da reforma tributária.

Segundo apurou o Poder360, correligionários de Lula viram nos discursos indícios de que o senador, prestes a encerrar o mandato no comando da Casa Alta, está a caminho da Esplanada.

Assista à troca de elogios entre Pacheco e Lula (03min07s):

O governo se prepara para uma reforma ministerial em 2025 para acomodar partidos do Centrão. O presidente do Senado, que deixa o cargo em 1º de fevereiro, é cogitado para ocupar os ministérios da Justiça, Relações Exteriores ou Minas e Energia. 

AFAGOS DE PACHECO

No discurso, Pacheco disse que teve a “honra” de empossar Lula em 1º de janeiro de 2023 como um presidente “legitimamente eleito”. Chamou a posse de uma “festividade memorável de coroamento da preservação da democracia” e afirmou que a promulgação da tributária foi “memorável”.

“Naquele dia 1º de janeiro de 2023, quando, sentado na presidência do Congresso Nacional, tive a honra de dar posse ao presidente legitimamente eleito pelo povo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em uma festividade memorável de coroamento da preservação da democracia no nosso país, a partir da escolha legítima do povo brasileiro de quem deveria ser o seu presidente da República, recaindo, pela 3ª vez, sobre os ombros do presidente Lula essa missão”, disse o senador.

A avaliação interna no governo foi de que Pacheco fez acenos como se já estivesse com cargo na Esplanada. O senador diferenciou os que “plantam desinformação” dos que “trabalham pelo país“, em uma indireta às investidas da oposição contra o governo. Classificou o trabalho de Haddad como “extraordinário”.

“Enquanto alguns se ocupam de plantar desinformação, de plantar mentira, de ter a adesão a partir do discurso fácil de engajamento nas redes sociais, há muitas pessoas nesse país trabalhando para que esse país resolva realmente os seus problemas”, declarou.

A fala de Pacheco veio em um momento em que o Executivo se esforça para contornar a crise causada pela popularização de vídeos dizendo que haveria uma taxação de pagamentos via Pix, o que não era verdadeiro.

E RETRIBUIÇÃO DE LULA

Em sua vez de falar, Lula devolveu as gentilezas do senador. Afirmou que seria inimaginável um petista elogiá-lo, mas que isso se deu porque o presidente do Congresso “conquistou” os afagos. Disse que com Pacheco “zangado ou sorrindo”, sempre conseguiu aprovar projetos de interesse do Planalto. 

“Eu até agora não tive nenhum problema de conviver com um Congresso que parecia adverso. Eu vi o Reginaldo [Lopes] elogiar o Pacheco aqui. Eu fiquei imaginando, só pode ser força da democracia, porque era impossível de imaginar um petista elogiar o Pacheco. O Reginaldo não fez isso de graça. É porque você conquistou, Pacheco, você conquistou isso na relação com o governo federal. Mesmo quando você está zangado ou sorrindo, a gente consegue aprovar tudo com você”, declarou o presidente. 

Lula se referia ao deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que foi relator da Reforma Tributária na Câmara e que havia elogiado o senador pela aprovação do texto no Congresso.

REFORMA MINISTERIAL

O PSD –partido de Pacheco– e o União Brasil, siglas consideradas aliadas, levaram ao governo suas insatisfações com a representação que têm na Esplanada. Cobraram mais espaço nos ministérios em troca de apoio às medidas enviadas pelo Executivo ao Congresso.

Lula convocou a 1ª reunião ministerial do ano para 2ª feira (20.jan). Para isso, determinou a interrupção de férias de 3 ministros: Márcio Macêdo (Secretaria Geral), Marcos Antonio Amaro (Gabinete de Segurança Institucional) e Carlos Lupi (Previdência Social).

A expectativa, porém, é de que o presidente anuncie as trocas ministeriais só depois do Carnaval, em março. Embora o novo comando do Congresso esteja praticamente acertado entre grande parte das legendas e o governo, o petista quer esperar a consolidação do cenário, com Hugo Motta (Republicanos-PB) na presidência da Câmara e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) na do Senado.

Há ainda uma disputa pelo comando das principais comissões temáticas. Por isso, Lula deve esperar a movimentação decantar para definir as mudanças.

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