O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma agenda de viagens para 2025 com o objetivo de expandir a relação do Brasil com países da Ásia e para ampliar discussões sobre clima e meio ambiente como preparação para a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), que será realizada em Belém (PA), em novembro. O petista também avalia visitar países como a Rússia e a China e continuar a discussão da defesa da democracia no terreno internacional.
Diante da influência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), na geopolítica global, principalmente pela imposição de tarifas a diversos países, Lula quer ampliar o comércio brasileiro com o continente asiático e, ao mesmo tempo, quer mostrar que o Brasil não tem uma relação de dependência com a China.
Nesse contexto, a 1ª grande viagem internacional de 2025 do petista será ao Japão, de 24 a 27 de março, e ao Vietnã, de 27 a 29 de março.
Em Tóquio, Lula será recebido em cerimônia do mais alto grau da diplomacia nipônica pelo imperador Naruhito e pela imperatriz Masako no Palácio Imperial. Fará também reunião bilateral com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba. Brasil e Japão celebram 130 anos de relações diplomáticas.
O governo quer abrir o mercado japonês para a carne brasileira, mas um acordo neste sentido não deve ser anunciado ainda durante a viagem, na avaliação de integrantes do Executivo. Lula levará consigo uma comitiva de ministros e empresários. Ao final da viagem ao Japão, participará de um fórum empresarial com representantes dos 2 países.
A visita ao Vietnã faz parte da estratégia de aproximar o Brasil dos países da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) e abrir mais oportunidades de mercado para os produtos nacionais. O país da Ásia tem se destacado na economia regional e ampliou a balança comercial com o Brasil, ultrapassando até mercados europeus. Em 2024, o fluxo de comércio cresceu 14%, chegando a US$ 7,7 bilhões.
O governo brasileiro também pretende pressionar o primeiro-ministro vietnamita Phạm Minh Chính apresente seu NDC, que são as Contribuições Nacionalmente Determinadas, na tradução para o português. O mecanismo apresenta os compromissos que os países assumem para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa para mitigar as mudanças climáticas.
Poucos países relevantes apresentaram suas metas atualizadas até agora e a administração brasileira teme que a falta de engajamento na questão possa enfraquecer a COP30.
No contexto da aproximação com a Asean, Lula avalia visitar a Malásia para um encontro dos líderes do grupo. Se confirmar, deve ir na mesma viagem também à Indonésia, que foi incorporada ao Brics (bloco originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em janeiro.
A incursão de Lula pela Ásia, porém, não significa um afastamento da China. Pelo contrário. O presidente cogita, inclusive, visitar Pequim novamente neste ano, em maio. O petista esteve na capital chinesa em 2023 para retomar as relações diplomáticas entre os 2 países. Na época, foi considerada a viagem mais importante do início do seu 3º mandato.
Lula avalia participar de uma cúpula da China com os países da Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos). Se a visita se concretizar, o petista deve ser recebido em reunião bilateral pelo presidente Xi Jinping.
O brasileiro estuda aproveitar uma viagem à Rússia para emendar com a visita a Pequim. O petista foi convidado pelo presidente russo, Vladimir Putin, para participar das celebrações da vitória soviética sobre a Alemanha nazista na 2ª Guerra Mundial. O evento será realizado em 9 de maio.
MEIO AMBIENTE E COP30
Lula pretende casar os compromissos nas viagens com eventos sobre clima e meio ambiente. O objetivo é participar de discussões que possam ser levadas posteriormente para a COP30. Em junho, por exemplo, quando pretende visitar a França, o petista deve participar de uma conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre oceanos, em Nice (França).
Para setembro, o presidente tenta articular uma reunião com países insulares em Nova York, às margens da Assembleia-Geral da ONU. O objetivo do encontro é captar as preocupações climáticas do grupo que possam ser levadas para a COP30.
Antes, em abril, Lula deve participar de uma reunião virtual com cerca de 30 países para discutir questões sobre ambição climática e também pressionar para que mais nações apresentem suas NDCs. O encontro foi convocado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
DEFESA DA DEMOCRACIA
Lula negocia uma reunião, entre abril e maio, com o Chile e a Espanha para dar prosseguimento às discussões sobre defesa da democracia e combate a extremismos iniciada em 2024 às margens da Assembleia da ONU.
No ano passado, o chefe do Executivo brasileiro liderou um encontro com outros países democráticos para discutir as questões. Agora, pretende fazer um encontro preparatório em Santiago para convocar nova reunião em setembro para ser realizada novamente em setembro na ONU.
Leia abaixo o calendário das possíveis viagens e encontros internacionais no Brasil de Lula:
- março – irá ao Japão e ao Vietnã nos dias 24 a 29;
- abril ou maio – avalia viagem ao Chile para discutir democracia;
- abril – receberá o presidente do Chile, Gabriel Boric, no dia 22 em Brasília;
- maio – avalia viagem à Rússia para participar das celebrações do Dia da Vitória e visita à China para participar da cúpula entre o país asiático e a Celac;
- junho – deve visitar a França e ter reunião bilateral com o presidente Emmanuel Macron, e participar de cúpula da ONU sobre oceanos;
- junho – pretende organizar um encontro entre o Brasil e os países da Caricon (Comunidade do Caribe) em Brasília para discutir questões climáticas e levar as demandas do bloco para a COP30;
- julho – será o anfitrião da Cúpula dos Brics, que será realizada no Rio, nos dias 6 e 7;
- julho – deve ir à Argentina para a cúpula do Mercosul;
- agosto – avalia ir à Colômbia para um encontro da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), com o objetivo de fortalecer a presidência brasileira da COP30;
- setembro – deverá ir a Nova York para a Assembleia-Geral da ONU e para reuniões paralelas;
- setembro – avalia participar de uma cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) na Malásia e visitar a Indonésia;
- novembro – será o anfitrião da COP30, realizada em Belém (PA);
- novembro – deve participar do encontro do G20, que será realizado em Joanesburgo, na África do Sul, nos dias 22 e 23;
- dezembro – será o anfitrião da Cúpula do Mercosul.