Deputados do PT vão culpar Bolsonaro por fraude no INSS

Os deputados federais do PT querem que a conta das fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) fique com o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL).

O Poder360 apurou que, apesar de a operação ter sido deflagrada no governo atual, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os petistas defendem que a estratégia governista seja jogar a culpa no governo anterior e destacar que foi o governo atual que investigou.

Por exemplo, um dos deputados ouvidos afirmou que mais do que saber em que período a fraude foi mais intensa, é importante que a investigação divulgue qual foi o governo que mais firmou contrato com as entidades que estavam fazendo os descontos indevidos no pagamento de aposentados e pensionistas.

Outro disse que deve haver uma investigação profunda que chegue ao “nascedouro” da ação criminosa e “puna todos os envolvidos”.

Um levantamento feito pelo Poder360 mostra que dos R$ 6.505,8 milhões de repasses do INSS a sindicatos e outras entidades desde 2019, R$ 4.147,8 milhões (63,75%) se deram em 2023 e em 2024.

A estratégia dos deputados se ampara na informação de órgãos de controle do governo Lula, segundo os quais há dados suspeitos desde 2019, quando o Brasil era presidido por Bolsonaro.

Auditoria da CGU (Controladoria Geral da União), no entanto, indica que os descontos feitos pelos sindicatos e entidades aumentaram de forma considerável nos últimos anos.

A CGU verificou indícios de ilegalidades nos descontos associativos dos benefícios previdenciários. O relatório da auditoria, finalizado em setembro de 2024 e divulgado na 4ª feira (23.abr), indicou que 97,6% dos aposentados e pensionistas do INSS tiveram descontos diretos não autorizados em seus benefícios para pagar sindicatos e associações.

O órgão entrevistou 1.273 beneficiários de abril a julho de 2024 em todos os Estados do país. Do total, 96% disseram não participar de nenhuma associação.

Segundo a CGU, há “grande probabilidade” de os descontos terem sido feitos de forma indevida e à revelia do interesse dos pensionistas.

O órgão disse que a auditoria foi feita depois da identificação de um aumento súbito no montante dos descontos para mensalidades associativas realizados na folha de pagamento dos beneficiários.

De acordo com a CGU, o valor dos descontos realizados em 2022 foi de R$ 706,2 milhões. Em 2024, o montante mais do que triplicou, chegando a R$ 2,8 bilhões.

NA CÂMARA

O ministro da Previdência, Carlos Lupi, do PDT, está confirmado para falar em audiência pública da Comissão de Previdência e Assistência Social da Câmara na 3ª feira (29.abr.2025). A audiência está marcada para as 14h.

O Poder360 apurou que Lupi prometeu aos integrantes do colegiado apresentar um “vasto material” para se defender das acusações de omissão. Atas das reuniões do CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social) mostram que Lupi foi alertado sobre as irregularidades em junho de 2023, mas só começou a agir em abril de 2024.

OPERAÇÃO SEM DESCONTO

A PF (Polícia Federal) deflagrou na 4ª feira (23.abr) a operação Sem Desconto para apurar as fraudes no INSS. O prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões no período de 2019 a 2024.

Durante a ação, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão, 6 mandados de prisão temporária e ordens de sequestro de bens que somam mais de R$ 1 bilhão. A operação foi realizada em 13 Estados, incluindo São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Ceará e também no Distrito Federal.

O governo informou que 6 pessoas foram afastadas de suas funções por determinação da Justiça Federal. Entre os alvos está o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. A CGU (Controladoria-Geral da União) também participa das investigações.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.