

A fala de Janja sobre o TikTok teria gerado desconforto entre algumas autoridades chinesas presentes – Foto: Reprodução
A fala de Janja sobre o TikTok durante jantar com o presidente da China, Xi Jinping, repercutiu após relatos de um suposto constrangimento causado pela primeira-dama ao comentar sobre a atuação da plataforma no Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou, nesta quarta-feira (14), que foi ele quem questionou Xi sobre a possibilidade de enviar ao Brasil um representante de confiança para tratar da regulamentação digital — especialmente envolvendo o TikTok.
“Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança para a gente discutir a questão digital — sobretudo o TikTok”, afirmou Lula. Segundo ele, foi nesse momento que a primeira-dama pediu a palavra: “A Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra as mulheres e as crianças”.
De acordo com o presidente, Xi respondeu que o Brasil tem total soberania para regulamentar ou até mesmo proibir plataformas digitais, caso julgue necessário. “Não é possível a gente continuar com as redes sociais cometendo os absurdos que cometem, e a gente não ter a capacidade de fazer uma regulamentação”, reforçou Lula.

Encontro de Brasil e China: Lula e Xi Jinping no centro do climão após fala de Janja sobre o TikTok – Foto: Ricardo Stuckert/PR
A fala de Janja sobre o TikTok teria gerado desconforto
A fala de Janja sobre o TikTok teria gerado desconforto entre algumas autoridades chinesas presentes, segundo relatos da comitiva brasileira. Nos bastidores, o episódio foi tratado como uma “torta de climão”. Lula, no entanto, minimizou o ocorrido e se mostrou incomodado com o vazamento da conversa. “A primeira coisa que acho estranho é como é que essa pergunta chegou à imprensa. Era uma conversa confidencial.”
O presidente também saiu em defesa da primeira-dama: “O fato de a minha mulher pedir a palavra é porque ela não é cidadã de segunda classe. Ela entende mais de rede digital do que eu”. Para ele, a discussão foi normal e o mais importante é que a China aceitou enviar um representante para aprofundar o debate sobre a regulamentação das redes sociais no Brasil.
A discussão ocorre em meio ao avanço de iniciativas do STF (Supremo Tribunal Federal) e da AGU (Advocacia-Geral da União) para adaptar as plataformas digitais à legislação brasileira. Por outro lado, o Congresso Nacional segue sem avanços desde o arquivamento do PL das Fake News, em 2023. Especialistas apontam que cabe ao Legislativo liderar o processo de regulamentação.
*Com informações de Estadão Conteúdo