Mídia internacional dá pouca atenção para discurso de Lula na ONU

O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, realizada em Nova York (EUA), recebeu pouca atenção de veículos de mídia internacionais de países desenvolvidos.

Lula discursou por 19 minutos na 3ª feira (24.set.2024). O presidente cumprimentou a comissão palestina e criticou os ataques de Israel contra alvos do grupo extremista Hezbollah no Líbano. A comitiva israelense não aplaudiu ao final do discurso do brasileiro.

A seguir, leia outros destaques do discurso de Lula:

  • Rússia X Ucrânia – defendeu a retomada do diálogo direto entre as partes;
  • mudanças climáticas – declarou que “não terceiriza responsabilidades ou abdica de sua soberania” em relação aos incêndios e à seca no Brasil;
  • super-ricos – voltou a defender a taxação do grupo;
  • Elon Musk – sem citar o bilionário, disse que o governo não vai se intimidar com indivíduos, corporações e plataformas digitais que “se julgam acima da lei” –o X está fora do ar no Brasil.

A edição impressa do Washington Post desta 4ª feira (25.set) traz uma reportagem sobre o discurso do presidente dos EUA, Joe Biden (Partido Democrata), na ONU. Não faz menção a Lula ou ao Brasil. O jornal publicou em seu site, na 3ª feira (24.set), um texto produzido pela agência de notícias Associated Press com o seguinte título: “Lula fala sobre clima na ONU, mas incêndios na Amazônia minam sua mensagem”.

Leia abaixo como foi a repercussão em outros veículos internacionais:

  • New York Times (EUA) – o principal jornal dos EUA fez uma cobertura jornalística em tempo real da Assembleia da ONU. O veículo ignorou Lula. Como é possível ver no print abaixo, há atualizações da declaração do secretário-geral António Guterres –que discursou antes do brasileiro. Depois, o NYT passa a falar do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Partido Democrata) –que discursou depois do brasileiro.

  • The Times of Israel (Israel) – publicou um texto alentado a respeito do que foi dito durante a assembleia a respeito do conflito na Faixa de Gaza. Deu muita atenção ao discurso de Joe Biden. Não citou Lula.

  • Guardian (Reino Unido) – deu destaque para a guerra na Ucrânia em sua cobertura jornalística da Assembleia Geral da ONU. Trouxe em sua versão impressa desta 4ª feira (25.set) reportagens citando o discurso do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ao Conselho de Segurança, e o de Joe Biden na Assembleia Geral.

  • Le Figaro (França) – como muitos veículos de mídia de países desenvolvidos, o destaque foi para o último discurso de Joe Biden como presidente dos EUA.

  • El País (Espanha) – tanto a versão impressa desta 4ª feira (25.set) quanto a on-line do periódico espanhol deram destaque apenas para o discurso de Joe Biden.

  • ABC (Espanha) – o jornal espanhol separou uma página e meia para o discurso de Biden. O restante ficou para Guterres.

  • Corriere della Sera (Itália) – a versão impressa do italiano Corriere della Sera deu destaque para as declarações de Biden sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia. Na cobertura jornalística em tempo real da Assembleia Geral da ONU, o site do veículo faz uma menção a Lula (veja imagem mais abaixo).

  • Jornal de Notícias (Portugal) – publicou em sua versão impressa um texto citando apenas os discursos de Zelensky e de Biden.

  • Diário de Notícias (Portugal) – o jornal português também deu destaque para a despedida de Joe Biden. Na lateral da página, no entanto, citou uma frase do presidente Lula sobre a guerra na Ucrânia (veja no print abaixo dentro do destaque em vermelho).

Assista à íntegra do discurso de Lula (19min25):


Leia mais sobre a ida de Lula a Nova York:

  • Janja chega antes – a primeira-dama desembarcou nos EUA em 18 de setembro; participou de um evento na Universidade Columbia, em que falou que as queimadas no Brasil são “terroristas”;
  • Cúpula do Futuro – Lula participou do evento da ONU em 22 de setembro, declarou que o Sul Global não é representado e viu seu microfone ser cortado no meio do discurso depois de extrapolar o tempo permitido para discursar;
  • encontro com a Shell – Lula e ministros de seu governo se reuniram com o presidente da empresa em encontro fora da agenda oficial; a reunião causou um mal-estar na administração petista por ser entendida internamente como contrária à “agenda verde”;
  • barrados na porta – o presidente desistiu de participar de um evento da Clinton Foundation após o Serviço Secreto dos EUA barrar parte da comitiva brasileira;
  • Bill Gates dá prêmio para Lula – a premiação se deve às políticas de combate à fome nos governos do petista;
  • discurso na 79ª Assembleia Geral da ONU – Lula defendeu a criação de um Estado palestino, condenou os ataques israelenses ao Líbano, afirmou que a fome é resultado de “escolhas políticas”, criticou “falsos patriotas” e big techs que se julgam acima da lei;
  • agenda de Haddad – o ministro da Fazenda se reuniu com agências de classificação de risco para discutir a volta do grau de investimento brasileiro; depois, a jornalistas, afirmou que o Brasil terá taxas de inflação “sucessivamente menores” nos próximos anos;
  • Fernanda Torres na ONU – a atriz se encontrou com Lula e Janja; cotada para uma indicação ao Oscar, ela criticou a “agressividade” nas eleições em São Paulo, em referência à cadeirada de Datena (PSDB) e ao soco no marqueteiro de Ricardo Nunes (MDB) durante debates na capital paulista.
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