Discordo da avaliação do mercado sobre o pacote fiscal, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 4ª feira (4.dez.2024) discordar da avaliação de agentes financeiros sobre o pacote fiscal que revisa gastos públicos e inicia a reforma do Imposto de Renda. 

“Eu entendo, eu já fui consultor econômico. Mas tem que olhar para as medidas que estão sendo tomadas. Então, eu não concordo com a avaliação que está sendo feita”, declarou Haddad no evento “O Brasil em 10 anos”, do Jota.

As principais ressalvas do mercado são sobre a expectativa de economizar R$ 70 bilhões em 2 anos. Há avaliação de que as estimativas estão infladas. Sobre o assunto, ele disse que os técnicos da Fazenda trabalharam muito para fazer os cálculos e minimizou a preocupação.

“Não deu pouco trabalho. Deu muito trabalho. Conversar com cada ministro, sentar com o presidente, mexer no indexador do salário mínimo, mexer com o abono, mexer com o BPC, mexer com o Bolsa Família”, disse Haddad.

A equipe do ministro se reuniu constantemente com nomes do mercado financeiro durante a semana. Segundo Haddad, a função deles é explicar o pacote fiscal de modo a dar mais credibilidade às iniciativas.

“Agora tem que explicar. Os meus secretários estão aí dando entrevistas, fazendo reuniões com os agentes de mercado. Estão explicando”, afirmou. 

O ministro anunciou a intenção do governo de isentar do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5.000 por mês, medida que deve ficar para 2026. Há uma leitura de que o movimento veio para compensar o impacto negativo que cortes de gastos trariam para a popularidade do governo.

Haddad, entretanto, negou haver populismo no anúncio da reforma. Voltou a reforçar que a ideia é ter mudanças no Imposto de Renda que mantenha a arrecadação neutra.

Não acredito que alguém possa classificar uma literatura, política ou econômica, esse gesto como um gesto populista, como estão dizendo. E não me parece que as medidas de contenção de gasto sejam irrelevantes como alguns estão querendo fazer parecer.”

Haddad disse ao anunciar as medidas que a perda de dinheiro na arrecadação será compensada pelo aumento na cobrança das pessoas com renda mensal superior a R$ 50.000, mas não deu detalhes suficientes.

O PACOTE DE HADDAD

O objetivo central do é equilibrar as contas públicas e cumprir as metas fiscais. O governo quer os gastos iguais às receitas em 2025 (espera-se um deficit zero).

Nos anos seguintes, o alvo é terminar com as contas no azul. Na prática, é necessário aumentar a arrecadação e diminuir as despesas. Pouco foi feito pelo lado da 2ª opção, mesmo com o Lula 3 quase na metade.

Entenda abaixo todas as medidas que o governo quer emplacar:

Leia nesta reportagem mais detalhes das medidas idealizadas pelo governo.

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