Zé Dirceu descarta presidência do PT e quer ser candidato à Câmara

José Dirceu, ex-ministro do 1º governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem descartado a hipótese de concorrer à presidência do PT neste ano. Perguntado por uma pessoa próxima sobre a hipótese, ele responde: “Nem pensar”.

Zé Dirceu, como é conhecido, cogita concorrer a deputado federal nas eleições de 2026. A definição, no entanto, só virá depois da eleição para o comando do PT, marcada para 6 de julho.

O ex-ministro tem afirmado que apoiará o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva, tido como favorito na disputa.

Dirceu completará 79 anos em março. Em dezembro, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) encerrou duas ações da Operação Lava Jato contra ele.

HISTÓRICO

Zé Dirceu foi deputado estadual do Estado de São Paulo de 1987 a 1991. Foi deputado federal pela mesma unidade federativa por 2 mandatos, de 1991 a 2005. Em sua 2ª legislatura, foi ministro da Casa Civil de 2003 a 2005, durante o 1º governo Lula.

Foi presidente do Partido dos Trabalhadores de 1995 a 2002. Sua liderança de 7 anos está entre as mais longas da história da sigla. Lula presidiu a legenda por 7 anos, de 1981 a 1988. Depois, retomou o posto em 1990, quando permaneceu por 4 anos, até 1994.

A atual líder do partido, Gleisi Hoffmann (PT -PR), está no cargo há mais de 7 anos. Assumiu o posto em 2017.

Dirceu se demitiu da Casa Civil em junho de 2005 depois de acusações de corrupção nos Correios feitas pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Reassumiu seu posto na Câmara até que, em dezembro daquele ano, teve seu mandato cassado por quebra de decoro parlamentar durante o escândalo do mensalão.

Ficou inelegível até 2015, mas não assumiu nenhum cargo desde que deixou a Casa Baixa.

A ELEIÇÃO DO PT

A eleição para a sucessão de Gleisi Hoffmann (PT-PR) à frente do Partido dos Trabalhadores será em 6 de julho de 2025.

Mais de 1,6 milhão de eleitores filiados à legenda poderão votar –nenhuma outra agremiação política no Brasil adota essa forma de escolha para definir quem são os seus dirigentes.

Conforme o site oficial do partido, será realizada, além da votação para presidente, a renovação das direções nas esferas municipais e estaduais. O voto será por meio de urnas eletrônicas. Eis a íntegra da resolução (PDF – 179 kB).

A regra aprovada em dezembro pelo Diretório do Nacional do PT diz que poderão participar do processo eleitoral os que se filiaram ao partido até 28 de fevereiro de 2025. Antes dessa nova resolução, o prazo mínimo de filiação era de 1 ano antes da eleição. Segundo dados atualizados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 4 de outubro de 2024, o PT tinha 1.653.361 filiados.

Depois de 7 anos, a deputada Gleisi Hoffmann sairá do comando do partido ao qual o presidente Lula é filiado. Há a possibilidade de ela ganhar uma cadeira na Esplanada. Iria para o lugar de Wellington Dias para assumir o Ministério do Desenvolvimento Social.

O mandato de presidente do PT é de 4 anos, sendo permitida até uma reeleição. Essa regra vale também para presidentes de diretórios estaduais e municipais. Trata-se de uma regra interna na legenda. Na lei brasileira, nada impede partidos de reelegerem seus dirigentes indefinidamente.

Um nome forte e hoje favorito para substituir a congressista é o do prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva (PT). O ex-ministro da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) é visto pelo Lula como alguém com bom trânsito político e com experiência. A base eleitoral do petista, entretanto, fracassou nas eleições municipais de 2024 e não conseguiu emplacar sua sucessora, Eliana Honain (PT), mesmo com recursos do governo federal e uma visita do chefe do Executivo ao município.

Em 24 de maio de 2024, Lula visitou Araraquara. Foi uma deferência a Edinho, pois o presidente fez poucas movimentações dessa natureza para ajudar seus candidatos a prefeito pelo país. Na ocasião, disse que o correligionário era “o melhor prefeito do Brasil”.

Pouco antes, em 8 de maio do ano passado, Edinho havia viajado com a primeira-dama Janja Lula da Silva para o Rio Grande do Sul para entregar 25 toneladas de doações para vítimas das enchentes no Estado. Sua participação na viagem foi vista na época como uma sinalização de prestígio junto à primeira-dama –que exerce grande influência em várias áreas do governo federal.

A proximidade com Lula ajudou Edinho a obter recursos para obras de infraestrutura contra enchentes em Araraquara em cerca de 24h. Reportagem do UOL mostrou que em julho de 2023, o Ministério das Cidades aprovou o repasse de R$ 143 milhões para a cidade depois de uma ordem de Lula.

O líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), também cogita a possibilidade de  concorrer a presidente do PT em 2025. A derrota de Edinho Silva na corrida municipal suscitou um levante interno no partido para outros nomes.

Parte da ala ligada à Gleisi dentro do PT defende que seja escolhido um nome do Nordeste para comandar o partido. Mas essa tese perdeu força no final de 2024. Para que a deputada possa ser acomodada dentro do governo Lula com um ministério, será necessário fazer um acordo com o Palácio do Planalto, apoiando o candidato do presidente para comandar o PT. Edinho é neste momento o nome mais forte para ser o próximo presidente da legenda.

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