O governo da Venezuela decidiu fechar a fronteira com o Brasil nesta 6ª feira (10.jan.2025), data da posse de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) para um 3º mandato. O bloqueio foi realizado na cidade de Pacaraima, em Roraima, principal ponto de ligação entre os 2 países, e vai até 2ª feira (13.jan).
Militares venezuelanos colocaram cones para impedir o tráfego de veículos e se posicionaram ao longo da divisa. Imagens que circulam nas redes sociais mostram uma interrupção no fluxo migratório no local.
O regime venezuelano ordenou o fechamento da fronteira com o Brasil no dia da posse de Nicolás Maduro. Atualmente, ninguém está autorizado a entrar ou sair até novo aviso. pic.twitter.com/bpEwp5Hens
— TUCArj54 (@tucarj54) January 10, 2025
O Itamaraty confirmou que o fechamento da fronteira foi uma decisão unilateral do governo venezuelano. “A Embaixada do Brasil informa que, em caso de emergência, cidadãos brasileiros poderão acionar os plantões consulares da Embaixada do Brasil em Caracas”, diz.
A fronteira entre o país chavista e a Colômbia também foi fechada nesta 6ª feira (10.jan) por 72 horas. A justificativa apresentada seriam “motivos internos”.
“O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia reitera que as fronteiras com a Venezuela (do lado colombiano) permanecerão abertas”, disse em publicação no X (ex-Twitter).
POSSE DE MADURO
Maduro tomou posse para o seu 3º mandato nesta 6ª feira (10.jan). O líder chavista assume sem o reconhecimento de diversos países e organizações internacionais por causa de alegações de fraude na eleição de julho de 2024.
Em seu discurso, afirmou que o país é democrático e constitucional. “Sempre cumprimos a Constituição porque a escrevemos com o povo. Esses 6 anos representam uma síntese da resistência de 500 anos contra todos os imperialismos. Se algo caracteriza a Venezuela é a história de resistência heroica”, disse.
Os presidentes de Nicarágua e Cuba, Daniel Ortega (Frente Sandinista de Libertação Nacional, esquerda) e Miguel Díaz-Canel (Partido Comunista de Cuba, esquerda), respectivamente, foram os únicos chefes de Estado que compareceram. Outros países, como China e Rússia, enviaram representantes de seus respectivos governos.
A embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, foi a representante do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Formalmente, o governo Lula não reconheceu a vitória do venezuelano desde o anúncio do resultado. Em agosto, o chefe do Executivo afirmou que Maduro ainda deve “uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo” a respeito da eleição. O Itamaraty cobrava a apresentação das atas eleitorais para chancelar o resultado. Caracas prometeu apresentar, mas voltou atrás. A oposição acusa o governo de ter fraudado o pleito.
A situação criou constrangimento para o Brasil, que tentava se colocar como um mediador para a pacificação dos atritos venezuelanos com o resto do mundo. Desde então, a relação entre os países ficou mais distante, assim como a de Lula e Maduro.