Equipe vê fator externo, mas Lula quer solução interna sobre alimentos

A equipe econômica levou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a avaliação de que a alta na inflação dos alimentos em 2024 foi influenciada especialmente por fatores externos, como a alta do dólar e a recorrência de problemas climáticos. 

O petista tem se mobilizado para controlar o preço da alimentação, tema de interesse da sua gestão por causa do apelo à popularidade. A análise é de que serão necessárias medidas internas para controlar os índices nos produtos do supermercado, ou seja, que não ataquem necessariamente os problemas identificados pelo time econômico. 

A proposta do governo é fomentar medidas sem impacto de grande magnitude no Orçamento. Ao menos por enquanto, a percepção do Planalto é que um impacto nulo ainda será difícil. Mesmo com esforço, haverá alguma consequência nas contas públicas –mesmo que mínima. 

A situação fiscal do Brasil é observada com fragilidade pelo mercado e novos gastos poderiam ter efeitos ainda mais danosos aos indicadores econômicos.

Por outro lado, se o governo conseguir emplacar medidas que reduzam o custo da alimentação com um menor impacto fiscal, pode haver uma melhora significativa na popularidade da gestão petista.

Apesar da análise levada a Lula, a equipe econômica não aparenta ter reconhecido sua parte em relação aos indicadores de mercado.

O dólar terminou 2024 acima de R$ 6, influenciado pelas mudanças nas políticas monetárias globais e pela alteração de governo nos Estados Unidos. Por outro lado, as políticas sobre as contas públicas ajudaram a ter um resultado pior. A moeda-norte-americana disparou depois da apresentação de um pacote de revisão de gastos considerado insuficiente. 

A alta no dólar tem impacto direto no preço da alimentação. Por exemplo, os seguintes pontos ajudaram as carnes a ficarem mais caras:

  • as vendas para o exterior ficaram mais atrativas que o mercado interno, diminuindo a oferta; 
  • aumentaram-se os custos para a importação de insumos para os animais, repassado aos consumidores.

PREÇOS DE ALIMENTOS

A inflação de alimentos em domicílios atingiu 8,23% em 2024. A taxa desacelerou em dezembro no acumulado de 12 meses depois de ter uma longa sequência de alta ao longo de ano passado.

A alta de preços dos produtos do setor foi um dos motivos para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ter ficado de fora da meta do BC (Banco Central), que é de 3%, com tolerância de até 4,5%. A inflação fechou 2024 a 4,83%.

O Poder360mostrou que as carnes tiveram forte impacto na inflação do Brasil. Subiram 20,84% em 2024 e aumentaram a inflação em 0,52 ponto percentual.

Além das carnes, a inflação de alimentos em domicílios foi impactada pelo encarecimento do café moído (+39,60%), do leite longa vida (+18,83%) e das frutas (+12,12%).

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