O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, comentou, neste sábado (1º), o fato dos parlamentares Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), atuais presidentes da Câmara e do Senado respectivamente, serem cotados como possíveis nomes para a Esplanada.
Segundo Pacheco, isso é um sintoma de “rehab” [reabilitação] das relações institucionais no Brasil.
“O fato inclusive de essas duas figuras importantes, que têm credenciais políticas, estarem sendo citadas como possíveis integrantes para virem para o governo… vários que conversam com eles, inclusive, sinalizam alguma disposição para isso. Eu acho que também é um sintoma de que estamos conseguindo fazer uma reabilitação das relações institucionais do país”, disse.
Ao citar a recriação do Ministério no terceiro mandato de Lula, o ministro relembrou momentos de tensão em períodos anteriores de sucessão no Congresso.
“A gente já teve períodos recentes em que um presidente do Senado saía sendo ameaçado por pessoas de dentro do governo, inclusive ameaçado na integridade física, ou absolutamente rompido com o conjunto do governo”, observou.
Segundo Padilha, “o governo anterior tinha um relacionamento tóxico com o Congresso Nacional, com a imprensa, com o Judiciário, com os partidos. A gente precisava fazer um verdadeiro programa de reabilitação, um rehab das relações institucionais nesse país. Estamos conseguindo fazer isso”, completou.
Durante a coletiva, Padilha também reafirmou o apoio do governo aos favoritos para a Presidência das duas Casas, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP). Ele ainda fez agradecimentos ao senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deixa a presidência do Senado, pela “maior taxa de aprovação de projetos do governo desde a redemocratização”, entre eles, “32 projetos da área econômica”.
Pautas prioritárias
Ao falar sobre assuntos que devem receber atenção extra do governo, após as eleições das mesas diretoras neste sábado (1º), o ministro citou a PEC da Segurança Pública, que vem sendo defendida pelo chefe da Pasta da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
“Esse debate, que o ministro Lewandowski está fazendo, consideramos fundamental”, disse Padilha, pois “só é possível combater o crime organizado com operação nacional, mais coordenação nacional, de todos os instrumentos de segurança, sejam da União, dos governadores, dos municípios”.
Ele também falou do projeto de lei (PL), aprovado pelo Senado, que estabelece diretrizes para as redes sociais e outras plataformas.
“Será uma prioridade, nos próximos dois anos, o debate de protegermos as pessoas, as famílias e os negócios de crimes que acontecem no ambiente digital hoje no nosso país. Tivemos um avanço aqui no Senado, aprovamos um projeto de lei que protege as crianças e os adolescentes de crimes que acontecem no ambiente digital. Ele vai para a Câmara. Nós queremos aprofundar esse debate na Câmara, priorizar a aprovação dele”, segundo o ministro.
Novos presidentes e relação com oposição
Sobre a relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os substitutos de Lira e Pacheco, o ministro disse que a agenda do presidente está “à disposição”.
“O presidente Lula já deixou a agenda à disposição para receber os presidentes eleitos da Câmara e do Senado ainda na segunda [3], no início do ano legislativo”, declarou.
O ministro também elogiou a postura da oposição e falou sobre a expectativa de manter o tom das relações após a recomposição das mesas diretoras.
“Temos ótima relação com o líder [do PL na Câmara] Altineu [Côrtes], inclusive teve uma postura muito importante nesses dois anos, de embates, de divergências, mas de colaboração em temas importantes para o Brasil. Não teríamos conseguido aprovar a Reforma Tributária, não teríamos conseguido consolidar o nosso marco fiscal nas últimas três semanas do Congresso, sem inclusive votos de parlamentares que são de partidos de oposição”, completou.
De acordo com Padilha, “expectativa é de que vamos ter a melhor relação, não só com os dois presidentes, como com as mesas que venham a ser montadas e inclusive com os líderes de oposição”.
Reforma ministerial
Ele afirmou que, após as eleições das presidências, o presidente Lula vai se reunir com os ministros e líderes dos partidos que compõem o governo para discutir prioridades, o que não “necessariamente vai culminar numa reforma ministerial“.
De acordo com Padilha, as conversas não ocorreram antes, “por sugestão dos próprios líderes da Câmara e do Senado, de que era importante deixar passar a [eleição para] presidência”.
“O debate que os partidos fazem, que é um debate de autonomia do Congresso, da composição das comissões… para que esse diálogo não pudesse contaminar, inclusive, ou trazer para o governo temas que devem ser tratados na Câmara e no Senado como a composição das comissões. Então, o que se abre nesse período, após a volta dos congressistas, é a agenda de diálogo nossa”, afirmou.
Troca de comando no PT
Ao ser questionado sobre a nova presidência do Partido dos Trabalhadores, o ministro disse que o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva – que conta com o apoio de Lula – é “um grande quadro” e um “excelente nome”.
“É uma figura que conhece muito bem nacionalmente, tem um discurso importante de fortalecimento dentro do Partido dos Trabalhadores”, segundo Padilha.
As eleições da legenda estão previstas para julho. Até lá, cadeira é ocupada pela deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Este conteúdo foi originalmente publicado em Lira e Pacheco cotados para pastas é sintoma de “rehab”, segundo Padilha no site CNN Brasil.