O presidente Lula está longe de ser uma voz solitária na vontade que o mundo político tem de interferir em empresas públicas, e também nas que já foram privatizadas.
Afinal, onde estão os recursos para obras? Dinheiro para investimentos o poder público não tem, ou muito pouco.
O dinheiro vai ter de sair então de estatais, como a Petrobras, ou de gigantes como a Eletrobras e a Vale, já privatizadas.
Na Petrobras, o governo interfere diretamente, como o governo anterior também fez.
Nas empresas já privatizadas, a pressão se dá por outras formas, como cobrar mais por contratos já pactuados.
Da parte de Lula, a interferência nas empresas vem da crença ideológica de que o desenvolvimento depende de intervenção do Estado.
Quanto às correntes políticas que mandam no Congresso, o interesse é obter recursos para tocar obras, que garantem influência, negócios e votos em bases eleitorais em várias regiões.
Pode-se dizer que é este o espetáculo de sempre da política. Mas o problema é mais amplo.
A Lava Jato e fracassos retumbantes na condução da própria Petrobras levaram à criação de mecanismos institucionais de defesa das estatais.
O que está em jogo, portanto, não é apenas quem manda numa estatal ou numa empresa privatizada. É quanto ainda sobrou dos mecanismos para protegê-las dos dinossauros vorazes da política.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Waack: Os dinossauros vorazes da política e as estatais no site CNN Brasil.