A resistência do ministro da Casa Civil, Rui Costa, com a PF (Polícia Federal) é um dos empecilhos para a fluidez das negociações sobre a recomposição orçamentária dos cofres da corporação –afetada por um corte de mais de R$ 200 milhões–, segundo apurou o Poder360.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, que comanda a PF, não tem poder para executar o Orçamento. O debate sobre a distribuição dos recursos é de responsabilidade da JEO (Junta de Execução Orçamentária), composta Rui Costa e por outros 3 ministros: Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos).
Segundo apurou o Poder360, integrantes envolvidos nas negociações dizem que o ministro da Casa Civil é resistente a ideia de priorizar a recomposição orçamentária para a PF.
Apesar da tensão, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou que deve recompor parcialmente o Orçamento do Ministério de Justiça e Segurança Pública, afetado por um corte de R$ 400 milhões.
Ainda não há uma definição da quantia que será recomposta. O anúncio beneficiará os cofres da PF, que deve receber uma fatia considerável.
RUI COSTA E PF
A relação entre a Polícia Federal e Rui Costa é conturbada desde o início do governo Lula 3, mas piorou, recentemente, depois da divulgação de uma delação premiada que menciona o ministro da Casa Civil em um esquema de fraude de respiradores na pandemia, quando era governador da Bahia. Ele nega envolvimento. O caso é investigado pela PF.
Além disso, Rui Costa teria sido contrário à permanência da PF na segurança presidencial, que era pleitada pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) em 2023. Por fim, Lula definiu um modelo híbrido com a atuação dos militares e policiais federais.
A afinidade piora quando se trata da investigação conduzida pela PF contra o uso ilegal da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A agência está sob o guarda-chuva da Casa Civil.
Segundo apurou o Poder360, o ministro avaliou a operação da corporação em janeiro de 2024, como incisiva e fora do tom.
O OUTRO LADO
O Poder360 entrou em contato com a assessoria da Casa Civil e solicitou manifestação do ministro Rui Costa sobre a relação com a PF e a liberação de recursos do Orçamento. O ministro não quis comentar. O espaço permanece aberto para futuras manifestações.