Não usei a palavra Holocausto, diz Lula sobre fala contrária a Israel

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta 3ª feira (27.fev.2024) que “não utilizou a palavra Holocausto” quando criticou os ataques israelenses na Faixa de Gaza. Segundo ele, o termo foi uma “interpretação” do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

“Eu não esperava que o governo de Israel fosse compreender [a fala contrária a atuação do país no conflito] porque eu conheço o cidadão [Netanyahu], historicamente, há algum tempo. Eu sei o que ele pensa ideologicamente”, afirmou o petista. A fala foi em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da Rede TV. A íntegra vai ao ar às 22h desta 3ª (27.fev).

Durante viagem à Etiópia em 18 de fevereiro, Lula comparou a operação militar de Israel na Faixa de Gaza com o extermínio de judeus realizado por Adolf Hitler na Alemanha nazista. Embora o chefe do Executivo não tenha usado explicitamente a palavra “Holocausto”, a perseguição e o extermínio de judeus promovido por Hitler durante a 2ª Guerra Mundial é conhecida por este termo. Leia a íntegra da fala aqui.

As críticas do chefe do Executivo à Israel resultaram em uma crise diplomática que segue repercutindo. Em resposta, o chanceler de Israel levou o embaixador brasileiro ao Museu do Holocausto e o governo israelense declarou Lula “persona non grata” no país até que se retrate pela comparação.

Apoiadores do presidente também divergiram de suas declarações. Na 3ª feira (20.fev), o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, disse que, apesar de concordar com a condenação das mortes na Faixa de Gaza, a comparação com o Holocausto não é “pertinente”.

Na entrevista desta 3ª (27.fev), o presidente voltou a defender seu posicionamento a favor do fim da guerra e disse que está “clamando” para que itens como alimentos e remédios sejam disponibilizados para as vítimas. Ele ainda reiterou suas críticas a Israel, afirmando que diria “a mesma coisa”. 

“Eu diria a mesma coisa porque é exatamente o que está acontecendo na Faixa de Gaza. A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra. Você não tem na Faixa de Gaza uma guerra de um Exército altamente preparado contra outro Exército altamente preparado. Você tem, na verdade, uma guerra de um Exército altamente preparado contra mulheres e crianças”, afirmou.

O presidente ainda disse que o Brasil foi o 1º país a reconhecer os ataques surpresa do Hamas contra Israel, em 7 de outubro, como atos terroristas. No entanto, afirmou que não pode condenar o grupo extremista e ver Israel fazer com inocente “as mesmas barbaridades”.

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