O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 6ª feira (7.fev.2025) que o governo trabalha para trazer o dólar para “um patamar mais adequado” –algo que terá reflexo, “nas próximas semanas”, nos preços praticados. Segundo ele, o país está melhor hoje do que quando era governado por Jair Bolsonaro (PL) e é preciso “ter muita sabedoria” para “conduzir” a política monetária.
“Se você está tendo um repique inflacionário, você precisa corrigir. O remédio para corrigir a inflação é, muitas vezes, aumentar a taxa de juros para inibir a alta de preços. Agora, tudo isso tem que ser feito da maneira correta, na dose certa”, declarou em entrevista à rádio Cidade FM 99.7, de Caruaru (PE).
O BC (Banco Central) decidiu em janeiro elevar a Selic em 1 ponto percentual. A taxa básica de juros passou de 12,25% para 13,25% ao ano. A decisão se deu por unanimidade.
Segundo Haddad, às vezes, deve-se aumentar os juros “para desaquecer um pouco a economia”, porque se “estiver muito aquecida, os preços vão aumentar”.
O ministro declarou: “Ano passado, nós já corrigimos as distorções do deficit público. Você sabe que o deficit acumulado nos 2 governos anteriores foi de quase R$ 2 trilhões”.
Haddad afirmou que “havia muito benefício fiscal para empresário rico” antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumir em 2023.
“Os ricos, como você sabe, foram muito favorecidos com isenção de impostos e a gente está corrigindo isso. Quem tinha um fundo em paraíso fiscal não tolera imposto no Brasil. E o governo anterior não teve a coragem de cobrar imposto de quem tinha fundo em paraíso fiscal”, disse.
O ministro atrelou a alta do dólar à eleição de Donald Trump (Partido Republicano) como presidente dos Estados Unidos.
“Isso fez com que o dólar se valorizasse no mundo inteiro. As moedas perderam valor”, afirmou, acrescentando que a queda da moeda norte-americana frente ao real será sentida no preço de alimentos e combustíveis.
“Você sabe que a gente importa gasolina e diesel. Então, isso tem reflexo no preço”, disse. “Agora, compare com o preço de 2 anos atrás. O preço hoje, da gasolina e do diesel no posto, está mais baixo do que o de 2 anos atrás”, declarou.
“As refinarias foram privatizadas pelo Bolsonaro. Você já viu empresário não querer lucrar em cima da população? Quando você privatiza uma refinaria, ela vai gerar lucro para quem comprou”, disse
“Ainda assim, o preço do combustível original no posto de gasolina está mais barato do que com o Bolsonaro. (…) Eu repito, tem muita coisa pra fazer. Você não reconstrói um país em 2 anos. Mas, comparando com o que a vida estava 2 anos atrás, eu acho que o avanço é muito significativo”, afirmou.
Haddad falou sobre a criação de impostos, como a taxação sobre as “comprinhas” de até U$ 50.
“O Bolsonaro estimulou muito o contrabando. Muito. Então, o contrabando de mercadorias foi muito estimulado por ele, porque ele não fez nada para combater o contrabando. Os governadores, então, se uniram e passaram a cobrar ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] dos contrabandistas. E isso melhorou muito a situação do varejo brasileiro e da pequena indústria brasileira”, disse.
“Houve uma união dos governadores, todos os governadores, do Sudeste, do Nordeste, do Sul, todos se uniram ao governo federal para combater o contrabando. E passaram a cobrar dos contrabandistas, coisa que não era feita pelo governo anterior”, afirmou.