O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), recebeu nesta 3ª feira (11.fev.2025) a mulher de um dos condenados pelos atos do 8 de Janeiro, Vanessa Vieira. O encontro, no Plenário Ulysses Guimarães, foi organizado pela oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o objetivo de agilizar a tramitação do PL da Anistia. O teor da conversa não foi divulgado.
Antes, ao lado de seus 6 filhos, ela pediu, de joelhos, “misericórdia” ao marido, Ezequiel Ferreira Luís, condenado a 14 de anos de prisão pela manifestação de 2023. “Estado brasileiro, como vou sustentar minha família? Misericórdia, Hugo Motta, misericórdia. Eu peço misericórdia por mim e por todos os presos e foragidos políticos”, afirmou em entrevista a jornalistas no Salão Verde da Câmara.
Vanessa declarou ser servidora pública e disse ter tido seu salário bloqueado pela Justiça. Ao ser questionada sobre como se mantém financeiramente, ela afirmou receber ajuda financeira de seus familiares próximos e que sobrevive por causa da “graça de Deus”.
Vanessa também disse que não foi apenas Ezequiel que foi condenado pela Justiça, mas ela e seus filhos juntos. Ela descreveu ter dificuldade para falar aos seus filhos sobre o paradeiro do pai, que está foragido.
O financiamento da ida de Vanessa a Brasília também não foi detalhado. Ela saiu de Ji-Paraná, em Rondônia, a 2.144 km da capital brasileira.
O Poder360 pediu à assessoria do líder da oposição, Zucco (PL-RS), a informação sobre o pagamento das passagens de Vanessa e da família, mas não obteve retorno. O espaço está aberto para atualização.
PL da Anistia
Inicialmente, o texto não concedia anistia só aos presos do 8 de Janeiro, mas a “todos que tenham participado de manifestações em rodovias, frente a unidades militares ou em qualquer lugar do território nacional” a partir de 30 de outubro de 2022, data em que Lula venceu o 2º turno das eleições presidenciais contra Jair Bolsonaro (PL).
O relator da proposta, deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), retirou o trecho do projeto. Assim, caso aprovado, o perdão só valerá agora de 8 de janeiro de 2023 até a data em que a lei entrar em vigor.
Segundo o texto, serão igualmente anuladas as “medidas de restrição de direitos”, como o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de comunicação entre acusados e a suspensão de perfis e contas em redes sociais.
O deputado Zucco afirmou em coletiva de imprensa que Bolsonaro não seria beneficiado pelo projeto, caso seja aprovado.
O projeto restaura os direitos políticos dos cidadãos declarados inelegíveis. Bolsonaro foi considerado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) desde 30 de junho de 2023.