A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, disse que costuma interromper agendas para atender a primeira-dama, Janja Lula da Silva, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.A declaração da chefe das Mulheres foi dada durante sessão da CEP (Comissão de Ética da Presidência da República) e revelada pelo O Estado de S. Paulo. O áudio não é público e está em poder da comissão.
Segundo o jornal, a ministra indicou que ignora o chamado de outros 2 colegas de Esplanada: Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Márcio Macêdo (Secretaria Geral da Presidência).
“Na hora que estou com tudo organizado o presidente chama, a Janja chama, Rui chama. O Palácio chamou… O presidente chamou tem que deixar tudo, Rui chamou tem que deixar tudo. Os únicos que eu consigo enrolar são o Márcio e o Padilha, os outros eu não consigo. Isso se chama hierarquia, respeito à autoridade”, teria dito a ministra.
Assim como Padilha e Macêdo, Cida também periga perder o cargo na reforma ministerial. Em seu lugar, há quem diga que a ministra Luciana Santos, da Ciência, Tecnologia e Inovação pode assumir a cadeira das Mulheres.
Questionado pelo O Estado de S. Paulo, com base na gravação, o Ministério das Mulheres negou que Janja receba tratamento especial e diferente de outros ministros.
Leia a nota do ministério:
“A ministra não teve acesso aos áudios e não se recorda do teor das conversas, muitas vezes em tom descontraído e informal. De qualquer forma, é importante pontuar que a afirmação de que ‘a primeira dama merece mais prioridade do que ministros de Estado, que podem ser ‘enrolados’, e alguns ministros mais do que outros’, é da reportagem e não um pensamento da ministra”.“Como ministra de Estado, Cida Gonçalves jamais deixou de atender a qualquer outro ministério. O Ministério das Mulheres possui articulação institucional com todas as outras pastas do governo, até por conta da transversalidade dos temas tratados. Naturalmente, algumas pautas são mais complexas do que outras e as atinentes à Secretaria Geral da Presidência e à Secretaria de Relações Institucionais são mais extensas e demandam tempo, por envolver, respectivamente, a articulação com entidades da sociedade civil e a relação com o Congresso Nacional.”
O Poder360 questionou o órgão e também a CEP via e-mail a respeito do áudio e das declarações da ministra. Até a publicação desta reportagem, não recebeu resposta. O espaço está aberto.