Falta diálogo do governo com o agro, diz ex-ministro de Lula

Ministro da Agricultura no governo Lula 1 (2003-2006), Roberto Rodrigues citou a necessidade de diálogo” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o agronegócio para resolver problemas enfrentados atualmente pelo setor, como o aumento do preço dos alimentos.

“Acho que o grande problema dessa relação é que falta conversar. Falta diálogo, falta uma busca por entendimento”, declarou Rodrigues, em entrevista ao portal Metrópoles. “Chamem as lideranças rurais para uma reunião, vamos encontrar uma solução! Onde está o problema? É o crédito? É a renda? É o Seguro Rural? São estradas e ferrovias? Falta uma conversa que abra espaço ao entendimento”.

Além dos desafios internos, como o impasse do Plano Safra 2024/2025, que desencadeou a suspensão de contratações de financiamento subvencionadas devido ao atraso na aprovação do Orçamento de 2025, citou a complexidade do cenário internacional, agravada depois da implementação de tarifas comerciais por parte do presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano).

“Somos um país com uma dependência externa muito grande de venda de commodities, sejam agrícolas ou minerais. Se o Trump mantiver essa política provocativa de taxar vizinhos dos EUA, como Canadá e México, ou a China, pode haver uma reconstrução das barreiras tarifárias muito maior do que temos atualmente. O que seria, por si só, um problema para nós”, afirmou.

Segundo Rodrigues, o governo brasileiro deve ter “equilíbrio e tranquilidade” nas negociações com os EUA, uma vez que não será um processo que irá se resolver “do dia para a noite”. Afirmou ainda que, no caso de uma “guerra comercial”, o país sofrerá por ser exportador de commodities.

“Se houver um recrudescimento tarifário generalizado, o país vai perder. Tanto que, no 1º governo de Trump, quando houve uma guerra comercial com a China, nós fomos beneficiados, porque a China, como grande demandante de produtos agrícolas, buscou uma alternativa. E nós crescemos nesses últimos 15 ou 20 anos por causa dessa maior abertura da China. Uma guerra comercial que também leve a China a impor tarifas pode ser prejudicial ao Brasil e até inibir o nosso agro lá fora”, afirmou.

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