Juros sobem 1 p.p. e vão a 14,25%, mesma taxa do fim do governo Dilma

O Banco Central elevou novamente a Selic em 1 ponto percentual nesta 4ª feira (19.mar.2025). A taxa básica de juros foi a 14,25% ao ano por decisão unânime da autoridade monetária. Esse é o mesmo patamar registrado ao final do governo de Dilma Rousseff (PT), em 2016. A então presidente sofria um processo de impeachment na época.

A última vez que o indicador havia superado esse patamar foi em agosto de 2006. Naquela época estava a 14,75%, quando o presidente da República também era Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Guia como se comportarão os preços cobrados em empréstimos e financiamentos do país.

Leia abaixo a trajetória do indicador:


O Banco Central já havia indicado que faria uma alta de 1 ponto percentual na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de janeiro. O resultado desta 4ª feira (19.mar) era um consenso entre agentes do mercado financeiro.

A sinalização desta 4ª feira (19.mar) é que a reunião de maio terá um novo aumento na Selic, mas em um patamar menor que 1 ponto percentual. Ou seja, os juros continuarão subindo, mas com uma desaceleração.

 “O comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”, diz o comunicado depois da decisão. Eis a íntegra (PDF –44 kB).

FREIO NA INFLAÇÃO

O motivo para os juros mais elevados é o controle da inflação. A ferramenta disponível para frear o indicador é aumentar os juros, pelo modelo de política monetária ortodoxa seguido pelo Brasil. 

As taxas altas encarecem o crédito, o que desacelera o consumo e a produção. Como consequência, os preços tendem a não aumentar de forma tão rápida.

A função do Banco Central é colocar a inflação no centro da meta (3%). Há uma margem de tolerância que autoriza atingir 4,5%. 

O resultado do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 12 meses até fevereiro foi de 5,06% e ultrapassou o limite, o que liga o alerta dos diretores do Banco Central.

JUROS REAIS

O Brasil ocupa a 4ª posição no ranking de maiores juros reais do mundo. O levantamento do economista da Moneyou Jason Vieira mostra que a taxa “ex-ante”, aquela projetada para os próximos 12 meses, será de 8,79%. O país fica atrás da Turquia, da Argentina e da Rússia. 

Leia o ranking:

O COPOM

Criado em 1996, o Comitê de Política Monetária dita os rumos da taxa de juros do Brasil. Os integrantes são os diretores do Banco Central, além do presidente do órgão.

Atualmente, a maioria dos integrantes do comitê foram indicados por Lula. O maior destaque é o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. É a sua 2ª reunião do Copom no comando da autoridade monetária.

Havia uma desconfiança do mercado em relação ao nome de Galípolo, porque Lula manteve um forte discurso contrário ao crédito mais caro. Os agentes temiam que a pressão fosse suficiente para diminuir a autonomia da autoridade monetária.  

O economista conseguiu dispersar o sentimento logo no final de 2024. Intensificou um discurso de aperto monetário e reforçou a intenção de manter a independência do Banco Central.

AUTONOMIA DO BC

Sancionada em 2021, a lei de autonomia do Banco Central implementou mandatos para os integrantes. Duram 4 anos e acabam de forma em períodos intercalados. Em 2024, encerraram 3 mandatos:

  • Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central;
  • Otavio Damaso, ex-diretor de Regulação;
  • Carolina de Assis Barros, ex-diretora de Relacionamento Institucional, Cidadania e Supervisão de Conduta.

Eles foram substituídos por:

  • Gabriel Galípolo, ex-diretor de Política Monetária e agora presidente do BC;
  • Gilneu Vivan, diretor de Regulação;
  • Izabela Correa, diretora de Relacionamento Institucional, Cidadania e Supervisão de Conduta;
  • Nilton David, diretor de Política Monetária.

O ano de 2025 é o 1º desde a sanção da autonomia operacional do Banco Central em que o governo eleito indica mais diretores que a gestão anterior.

POLÍTICA MONETÁRIA

Relembre decisões anteriores do Banco Central sobre juros:

  • agosto de 2023 corte de 13,75% para 13,25%;
  • setembro de 2023 corte de 13,25% para 12,75%;
  • novembro de 2023 corte de 12,75% para 12,25%;
  • dezembro de 2023 corte de 12,25% para 11,75%;
  • janeiro de 2024corte de 11,75% para 11,25%;
  • março de 2024 corte de 11,25% para 10,75%;
  • maio de 2024 corte de 10,75% para 10,50%;
  • junho de 2024 manutenção em 10,50%;
  • julho de 2024 manutenção em 10,50%;
  • setembro de 2024 aumento de 10,50% para 10,75%;
  • novembro de 2024 aumento de 10,75% para 11,25%;
  • dezembro de 2024 aumento de 11,25% para 12,25%;
  • janeiro de 2025 aumento de 12,25% para 13,25%;
  • março de 2025 – aumento de 13,25% para 14,25%.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.