O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse a jornalistas nesta 4ª feira (26.mar.2025), pouco depois de se tornar réu pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que se estivesse no Brasil no dia 8 de janeiro de 2023 estaria “preso até hoje”.
“Ou morto, que é o sonho que eu sei que é de alguns aí, porque eu preso vou dar trabalho”, afirmou.
Assista (2min48seg):
Bolsonaro estava nos Estados Unidos no dia em que apoiadores invadiram e depredaram prédios das sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.
O ex-presidente foi para Orlando, nos Estados Unidos ainda em dezembro de 2022, depois de perder a eleição contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sem reconhecer a derrota publicamente, Bolsonaro se recusou a participar da cerimônia de posse, em que passaria a faixa presidencial para o petista, e só voltou para o Brasil em 30 de março de 2023.
O relatório da Polícia Federal sobre a trama golpista indica que a ida de Bolsonaro ao país estrangeiro faria parte de um plano de fuga depois que a tentativa de golpe no fim de 2022 não deu certo. No exterior, o ex-presidente aguardaria o desfecho do 8 de Janeiro.
JULGAMENTO
A 1ª Turma do STF recebeu por unanimidade a denúncia contra Bolsonaro e outras 7 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022. Com isso, o ex-presidente e aliados se tornam réus, e a Corte dá início a uma ação penal que pode resultar na condenação dos acusados a até 43 anos de prisão.
O julgamento se referiu só ao 1º dos 4 grupos de pessoas denunciadas pela PGR (Procuradoria Geral da República) por tentativa de golpe de Estado em 2022. Trata-se do núcleo central da organização criminosa, do qual, segundo as investigações, partiam as principais decisões e ações de impacto social.
Estão neste grupo:
- Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República;
- Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e deputado federal;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022.
Instalada a ação penal, o Supremo terá de ouvir as testemunhas indicadas pelas defesas de todos os réus e conduzir a sua própria investigação. As partes podem pedir a produção de novas provas antes do julgamento dos crimes.
Terminadas as diligências, a Corte abre vista para as alegações finais, quando deverá pedir que a PGR se manifeste pela absolvição ou condenação dos acusados.