Retaliação dos EUA ao Brasil causaria estranheza, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 3ª feira (1º.abr.2025) que uma “retaliação injustificada” dos EUA direcionada ao Brasil seria vista com estranhamento. Afirmou que os governos norte-americano e brasileiro têm “posição confortável” em relação ao comércio exterior e reforçou a vontade de negociar os termos das políticas protecionistas adotadas pelo presidente Donald Trump (Partido Republicano).

“Causaria até algum tipo de estranheza se o Brasil sofresse uma retaliação injustificada, uma vez que temos uma mesa de negociação desde sempre com aquele país justamente para a nossa cooperação ser cada vez mais forte”, declarou Haddad. A declaração se deu em fala a jornalistas em Paris (França) depois de encontro com o ministro das Finanças francês, Eric Lombard.

Trump impôs tarifas de 25% ao aço, ao alumínio e aos carros que entram nos Estados Unidos. O republicano deve anunciar na 4ª feira (2.abr) um novo plano tarifário a mais produtos. Os mercados já reagem aos movimentos do governo norte-americano.

Haddad defendeu esperar os anúncios formais antes de tomar uma eventual medida, mas criticou as políticas protecionistas. Segundo ele, o mundo terá um crescimento econômico menor por causa das decisões dos EUA.

“A partir de amanhã, vamos ter um quadro mais claro do que os Estados Unidos pretendem. Mas […] quando a nação mais rica do mundo adota políticas protecionistas, parece não concorrer para a prosperidade geral. O mundo corre o risco de crescer menos, de aumentar menos a produtividade da sua economia”, disse. 

Ele mencionou a relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o país durante os 2 primeiros anos do 3º mandato do petista. O ministro da Fazenda disse que a relação não foi com um governo específico, mas com o Estado norte-americano.

“Os EUA têm uma posição confortável em relação ao Brasil, até porque são superavitários tanto em bens quanto em serviços. Nossa conta é deficitária com os EUA, apesar do enorme saldo comercial que o Brasil mantém com o mundo”, declarou Haddad.

O Brasil tem deficit comercial com os Estados Unidos desde 2009. Ou seja, mais se compram do que se vendem produtos ao país. O plano de Trump é tarifar as importações.

AS TARIFAS DE TRUMP

Trump defende a taxação de outros países desde a sua campanha eleitoral, em 2024. Segundo ele, os Estados Unidos concedem benefícios às outras nações quando se trata de comércio exterior. O objetivo também é impulsionar a indústria local ao restringir a competitividade.

Medidas para carros importados foram anunciadas em 26 de março. Serão colocadas taxas de 25% para todas as nações que vendem os veículos aos EUA a partir de 2 de abril.

As tributações adicionais para aço e alumínio começaram em 21 de março. O valor também é de 25%.

O impacto para o fornecedor brasileiro pode ser significativo, porque os EUA são o maior comprador de aço do Brasil e o 2º maior de alumínio. 

Um estudo do Bradesco indica que a taxação pode reduzir as exportações brasileiras em até US$ 700 milhões. O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aposta em uma perda maior, de US$ 1,5 bilhão.

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