O presidente do Partido Novo, Eduardo Ribeiro, afirmou que, apesar da queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencer uma eventual tentativa de reeleição do petista vai ser “difícil”.
A pouco mais de um ano do pleito, a direita já discute estratégias e alianças. Em entrevista ao Poder360, Ribeiro afirmou que a legenda, por exemplo, vai tentar viabilizar o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) como candidato em um cenário sem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O ex-chefe do Executivo está inelegível por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 por abuso de poder político. Ele ainda pode ver sua situação piorar, já que foi tornado réu por tentativa de golpe de Estado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) este ano. Apesar disso, Bolsonaro insiste em se colocar como candidato em 2026.
Ribeiro diz que é “prematuro” tomar decisões enquanto a situação de Bolsonaro não seja esclarecida e que a direita precisa de tempo para “se organizar” e “preparar seus candidatos”, mas disse esperar uma direita unificada para “enfrentar o PT”.
“Antes de qualquer coisa, nós precisamos ver como fica a situação, de fato, eleitoral do Bolsonaro. […] Eu acredito que vai ser uma eleição difícil, apesar da baixa aprovação do Lula nesse momento. Isso também aconteceu lá em 2005 com o Mensalão, eles conseguiram recuperar”, declarou.
Lula tem visto a sua popularidade dissolver em meio a crises como a da taxação do PIX e o aumento nos preços dos alimentos. Ribeiro diz que a gestão petista é um “governo moribundo” e que Lula parece “com preguiça” e “mal assessorado”.
“Parece que está com preguiça, parece que não tem vontade, mal assessorado. Repetindo os mesmos erros, uma visão analógica da política no mundo digital. O PT perdeu as ruas, perdeu o debate econômico, mas, ainda assim, continua insistindo, achando que tem as ruas e achando que tem as melhores ideias para a economia”, declarou.
Anistia
A bancada do Novo, apesar de enxuta, é uma das principais defensoras da anistia aos presos pelo 8 de Janeiro. Ribeiro disse que a pauta é uma “questão humanitária”. O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) disse que atingiu as 257 assinaturas necessárias para protocolar o pedido de urgência do projeto.
Apesar do avanço, Ribeiro admite que o texto deve enfrentar travas, incluindo a tramitação no Senado, a que chamou de “difícil”, mas que, ao sair da Câmara, o debate pode amadurecer e, assim, facilitar a sua aprovação.
“Desde o início nós defendemos isso e vamos continuar trabalhando para virar votos na Câmara, talvez num cenário mais favorável, se houver a pressão necessária. No Senado, acho que é um pouco mais difícil, mas passando por essa barreira da Câmara, acho que muda um pouco o panorama. A discussão chega em outro patamar e talvez a gente consiga avançar”, declarou.
Disputa para o Senado
Além de trabalhar por uma eventual candidatura de Zema, o Novo vai tentar emplacar seus principais nomes no Senado, como os deputados federais Marcel van Hattem (RS) e Ricardo Salles (SP) e o ex-deputado federal Deltan Dallagnol (PR).
O ex-procurador da Lava Jato se elegeu à Câmara pelo Podemos do Paraná em 2022, sendo o candidato mais bem votado no Estado, com 344 mil votos. No entanto, teve seu mandato cassado pelo TSE em maio de 2023.
Dallagnol se filiou ao Novo em setembro daquele ano, depois de driblar o estatuto do partido, que proíbe a filiação de pessoas com ficha suja. A legenda, no entanto, teve o entendimento de que o ex-procurador teve sua candidatura cassada, e não seus direitos políticos.
Ribeiro disse que a Casa Alta se “enfraqueceu” e se “apequenou” nos últimos anos em casos de supostos excessos do STF.
“O Senado Federal enfraqueceu muito do ponto de vista institucional, se apequenou diante dos arbítrios do Supremo Tribunal Federal e, certamente, a eleição do Senado será a pauta da eleição, sobretudo, para que os candidatos se posicionem em favor do impeachment de ministros”, disse.
Assista à íntegra da entrevista (16min37s):