O deputado federal Filipe Barros (PL-PR), que foi líder da Oposição na Câmara em 2024, disse que a anistia “deve contemplar” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Mesmo que o presidente Bolsonaro tenha dito já por inúmeras vezes que não quer ser ou que não estava contemplado naquele momento, o fato é que ele está sendo investigado. Hoje já é denunciado injustamente no inquérito do dia 8 de Janeiro, e a anistia deve valer para ele”, disse, em entrevista ao Poder360.
Além de deputado e ex-líder da Oposição, Barros é advogado e defende que o projeto discutido na Câmara deve contemplar o ex-presidente, mesmo que haja divergência sobre isso.
O PL protocolou na Casa Baixa o requerimento de urgência do projeto que anistia os condenados pelos atos do dia 8 de janeiro de 2023, uma semana depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O partido pressiona o comando da Casa e líderes partidários para que o projeto seja votado. Mas há uma desconfiança da esquerda de que o texto pode ser utilizado para tentar anistiar Bolsonaro, que se tornou réu por tentativa de golpe de Estado.
Na 5ª feira (24.abr), o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que o partido pode ceder para que a anistia seja restrita a quem depredou patrimônio público no 8 de Janeiro.
Mas, ao Poder360, Barros defende que o perdão inclua ao ex-presidente. Para ele, o Judiciário deveria utilizar os mesmos parâmetros que foram considerados quando as ações da Lava Jato foram anuladas.
“Se os precedentes da Suprema Corte, em outros momentos como o da Lava Jato, fossem aplicados a esse processo, o inquérito sequer seria transformado em denúncia”, disse.
Assista à íntegra da entrevista gravada em 22 de abril de 2025 (34min05):
BOLSONARO E OUTROS 7 VIRAM RÉUS
A 1ª Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Bolsonaro e outros 7 acusados de planejar um golpe para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.
Estão neste grupo de réus:
- Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República;
- Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e deputado federal;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e
- Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022.
Os acusados respondem por crimes relacionados à tentativa de impedir a posse do governo eleito de Lula. Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro era o líder do grupo que planejou o golpe.