TRE-SP determina remoção de vídeo de Lula pedindo voto para Boulos

O TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) determinou que os vídeos do evento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu votos para o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (Psol) sejam retirados do ar.

O Partido Novo levou o caso à Justiça Eleitoral. Em decisão desta 5ª feira (2.mai.2024), o juiz Paulo Eduardo de Almeida determinou que o vídeo do evento publicado no canal de Lula no YouTube seja removido em até 48 horas.

O juiz afirma que a permanência do vídeo na plataforma pode “macular” a paridade do pleito em São Paulo por considerar que, “além da extemporaneidade do ato de campanha, se trata de um ‘cabo eleitoral’ de considerável relevância”. Eis a íntegra da decisão (PDF – 131 kB).

Durante a comemoração do Dia do Trabalho, na 4ª feira (1º.mai), Lula pediu explicitamente que os presentes na plateia votassem em seu candidato na disputa pela capital paulista.  Lula e Boulos dividiram palco no evento com as centrais sindicais na Arena Neo Química, estádio do Corinthians, na zona leste da capital paulista.

Eis a fala completa de Lula:

Só queria dizer para vocês o seguinte: esse rapaz, esse jovem, ele está disputando uma verdadeira guerra aqui em São Paulo. Ele está disputando com o nosso adversário nacional, ele está disputando contra o nosso adversário estadual, ele está disputando contra o nosso adversário municipal. Está enfrentando 3 adversários. Ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para prefeito de São Paulo nas próximas eleições. Vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula em 1989, em 1994, em 1996, em 2006, em 2010, em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo”.

ATO COM PATROCÍNIO ESTATAL

O ato das centrais sindicais foi patrocinado pela Petrobras, empresa estatal com ações listadas na bolsa. O Poder360 apurou que o desembolso com o evento das centrais foi de aproximadamente R$ 3 milhões. No ano passado, a estatal também bancou o evento no Dia do Trabalho.

Procurada, a estatal disse que o patrocínio foi realizado pelo programa Petrobras Cultural e que respeitou todas as etapas jurídicas necessárias para a sua liberação. “Com o patrocínio, a Petrobras busca reforçar sua imagem como apoiadora da cultura brasileira“, disse. Foi questionada, mas não comentou, a fala do presidente Lula.

A produtora Veredas Gestão Cultural foi a responsável pelos shows do evento. Por meio da Lei Rouanet, a empresa apresentou proposta inicial de captação no valor de R$ 6.331.737,75, mas só conseguiu R$ 250 mil. O valor, doado pela faculdade São Leopoldo Mandic, de Campinas (SP), custeou o evento “Festival Cultura e Direitos” na capital e em outros 19 municípios do Estado.

O Conselho Nacional do Sesi (Serviço Social da Indústria) também patrocinou o ato do 1º de Maio, mas não informou o valor do seu patrocínio nem comentou a fala de Lula depois de ser procurado pela reportagem deste jornal digital. Informou via assessoria de imprensa que não apoia eventos político-partidários.

“O Conselho Nacional do Sesi não apoia eventos políticos partidários. O evento que o Conselho do Sesi apoiou foi o Ato do 1º de Maio unificado das centrais sindicais do país. Evento destinado a celebrar a luta e a organização dos trabalhadores e trabalhadoras”, disse em nota.

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