O que se sabe sobre o plano de golpe que pretendia matar Lula, Alckmin e Moraes

Quatro militares do Exército e um policial federal foram presos em operação deflagrada nesta terça-feira (19)

Presidente, vice e ministro eram alvos de plano (Foto: Marcelo Camargo, Agência Brasil)

A existência de um plano chamado “Punhal Verde e Amarelo”, com o objetivo de matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi divulgada nesta terça-feira (19). A tentativa de golpe que envolvia a morte dos políticos e autoridades foi desvendada durante a Operação Contragolpe, que prendeu preventivamente cinco pessoas. O planejamento teria “características terroristas”, segundo os investigadores.

O plano tinha detalhes das tropas, veículos e armamentos necessários para o ataque, além do itinerário e horário do alvo por Brasília, e de prever possíveis “danos colaterais” da ação, classificados em “passíveis e aceitáveis”.

Quem são os presos por planejar golpe e atentado contra Lula

O relatório da Polícia Federal traz informações que basearam a operação que foi deflagrada nesta terça-feira (19) contra quatro militares do Exército e um policial federal.

Os mandados foram cumpridos no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal. Confira os nomes dos alvos:

  • General de brigada Mario Fernandes (na reserva);
  • Tenente-coronel Helio Ferreira Lima;
  • Major Rodrigo Bezerra Azevedo;
  • Major Rafael Martins de Oliveira; e
  • Policial federal Wladimir Matos Soares.

Quais são os detalhes do plano

No plano, há uma descrição dos dados para “Rec Op” numa referência a “reconhecimento operacional”. Nessa parte, são listados possíveis “locais de frequência e estadia” do alvo.

Ainda, o documento traz “Pessoal e Bolhas de Seg Pres”, em uma provável alusão aos seguranças da Presidência, de Alexandre de Moraes e ao poder de fogo deles. Ainda há detalhes sobre motoristas e policiais que o acompanhavam, assim como qual armamento usado e quais carros que fazem seu transporte.

O plano mencionava ainda “Demandas para a Prep e Condução da Ação (Meios)”, planejada para o dia 15 de dezembro de 2022, antes da posse do presidente Lula. O uso de armamentos “individuais e coletivos” é listado, com a especificação de quais armas e munições seriam usadas.

Era previsto o uso de fuzis, pistolas, metralhadora, granadas, munições não rastreáveis e telefones celulares “descartáveis”. O documento trazia o tempo ideal de preparação de “no mínimo 2 semanas”, com a ação de cerca de 8 horas”.

Como foi a operação

A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira quatro militares e um policial federal na operação que investiga um suposto plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A movimentação teria ocorrido depois da derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Um inquérito investiga se houve uma tentativa de golpe de Estado depois do resultado da eleição. As medidas foram cumpridas como parte do inquérito.

Foram cinco mandados de prisão preventiva expedidos e três de busca e apreensão. Outras 15 medidas preveem a proibição de contato entre os investigados, a entrega de passaportes em 24 horas e a suspensão do exercício de funções públicas.

O plano foi descoberto a partir de mensagens recuperadas do celular do tenente-coronel Mauro Cid. O esquema teria sido discutido na residência do general Braga Netto em 12 de novembro de 2022, conforme apuração de Andréia Sadi, da GloboNews.

Arquivos apagados no celular de Mauro Cid foram recuperados pelos investigadores da PF. Cid fazia parte dos “Kids Pretos”, tropa que iria executar o plano. O documento menciona ideias como a de envenenar o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Lula.

“Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, descreve a PF.

O tenente-coronel do Exército, Mauro Cid, foi intimado a prestar novo depoimento à Polícia Federal, ainda antes de vir a público a informação da prisão dos envolvidos no plano de execução. O depoimento deve ocorrer ainda nesta terça-feira.

Quem são os ‘kids pretos’

Os presos, que incluem um general da reserva e três militares, são integrantes dos “Kids pretos”, membros das Forças Especiais. O termo se refere a militares da ativa ou da reserva, especialistas em operações especiais.

Até o ano passado, os “kids pretos”, também chamados de Forças Especiais (FE), tinham um efetivo de aproximadamente 2,5 mil militares, de acordo com o Exército, que confirmou no ano passado ao g1 a existência das tropas, que operam desde 1957.

De acordo com a Polícia Federal, os “kid pretos” estiveram em reuniões para traçar estratégias com ofensiva golpista. Nos atos de 8 de janeiro, os investigadores perceberam a presença de manifestantes que utilizavam balaclavas e que possuíam desenvoltura na linha de frente da invasão.

Um grupo teria organizado os manifestantes de forma a furar o bloqueio da Polícia Militar e entrar no Congresso pelo teto. Foram encontrados destroços de uma granada de gás lacrimogêneo usada em treinamentos militares, de acordo com a CPI dos Atos Golpistas.

O apelido de “kids pretos” se dá pelo gorro preto usado pelos militares de operações especiais. O termo também é associado ao codinome usadp para definir o comandante da unidade que combateu guerrilheiros do Araguaia.

*Com informações de O GloboCorreio Braziliense e g1

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