Alckmin não assume a presidência do Brasil apesar da internação do Lula; entenda razão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue hospitalizado nesta quarta-feira (11), após ser submetido a uma cirurgia de emergência para drenar hemorragia intracraniana. Apesar da condição, não há orientação médica de afastamento das funções presidenciais.

Com isso, o vice-presidente Geraldo Alckmin não assume a presidência do país. Lula continua na UTI do hospital Sírio Libanês, em São Paulo (SP), onde o procedimento foi realizado.

Geraldo Alckmin não assume a presidência, mesmo com afastamento de Lula para cuidar da saúde

Geraldo Alckmin não assume a presidência, mesmo com afastamento de Lula para cuidar da saúde – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil/ Reprodução/ ND

A legislação do país não prevê o afastamento do presidente em virtude de uma emergência médica ou motivos de saúde em curto prazo. A Constituição só afirma que em casos de “impedimento” do presidente, o vice assumirá a função.

Alckmin não assume a presidência, mas realiza agendas da presidência

Como vice, Geraldo Alckmin (PSB) assumiu a agenda de Lula dessa terça (10) e recepcionou o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico. Os dois assinaram acordos nas áreas de segurança, defesa e compartilhamento de informações de inteligência. Também foi firmado um memorando de entendimento entre o Instituto Rio Branco e o Ministério de Negócios Estrangeiros e Assuntos Europeus.

Lula foi submetido a avaliação médica depois de sentir dor de cabeça no fim da segunda-feira (9), e um exame de imagem confirmou a presença de sangue acumulado na cabeça. A hemorragia foi consequência do acidente doméstico que sofreu em outubro, quando caiu e bateu a cabeça no banheiro do Palácio da Alvorada.

A internação de Lula na ala intensiva é protocolar em casos semelhantes. O presidente deve ficar na UTI por até 48 horas depois do procedimento. A expectativa é que ele retorne ao trabalho em Brasília no início da próxima semana.

Nesta quarta-feira (11), Lula deveria participar da posse do ministro Vital do Rêgo como presidente do TCU (Tribunal de Contas da União). Alckmin não assume a presidência, mas irá representá-lo na cerimônia. O vice-presidente é sete anos mais novo que Lula. No mês passado, quando Alckmin completou 72 anos, o petista o parabenizou e brincou: “Parece meu filho”.

Lula está internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde passou por cirurgia

Lula está internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde passou por cirurgia – Foto: Paulo Pinto/ Agencia Brasil/ Reprodução/ ND

‘Absolutamente consciente’

Nessa terça (10), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o presidente está “absolutamente consciente e disponível” e em contato com ministros, apesar de estar em repouso.

“O presidente voltou à consciência logo depois do procedimento, logo depois que passou o efeito anestésico, contactante, orientado, alimentando-se. Depois de avaliação, os especialistas constataram que não tem qualquer tipo de sequela ou acometimento neurológico posterior ao procedimento. Está absolutamente consciente e disponível, contactando, inclusive, com ministros”, explicou Padilha, que é médico infectologista.

Apesar dos contatos com ministros, o chefe das Relações Institucionais reforçou que Lula está em repouso.

Lula está em repouso e deve permanecer na UTI até quinta-feira (12)

Lula está em repouso e deve permanecer na UTI até quinta-feira (12) – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Reprodução/ND

Entenda o quadro de Lula

A hemorragia intracraniana é uma condição séria e ocorre quando há sangramento dentro do cérebro ou entre membranas protetoras — este último foi o caso de Lula, segundo a equipe médica. O presidente foi submetido a uma trepanação para drenagem do hematoma.

A hemorragia intracraniana pode ser causada por fatores como traumas, hipertensão, aneurismas rompidos ou outras condições médicas. De acordo com o médico Fabiano de Abreu Agrela, pós-doutor em neurociências, esse tipo de sangramento pode levar ao aumento na pressão dentro do crânio, o que pode prejudicar os tecidos cerebrais e afetar funções neurológicas importantes.

“Os sintomas mais comuns incluem dor de cabeça súbita, confusão, náuseas, convulsões e perda de consciência, mas cada caso pode apresentar uma gravidade distinta”, explicou o especialista.

O médico explicou que o tratamento da hemorragia intracraniana depende da causa, da gravidade e dos sintomas do paciente. Em casos mais severos, pode ser necessária cirurgia para remover o sangue acumulado e aliviar a pressão no cérebro.

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