A primeira-dama, Janja Lula da Silva, defendeu a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) depois das declarações do líder do PSDB no Senado, Plínio Valério (PSDB-AM). Em publicação no Instagram na 4ª feira, Janja afirmou que “um homem com a ignorância” do senador “jamais vai conseguir enxergar” uma “mulher gigante” como a ministra.
Eis o que disse Plínio Valério na última 6ª feira (14.mar.2025), em evento da Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), no Amazonas: “Marina esteve na CPI das ONGs por 6 horas e 10 minutos. Imagine o que é tolerar Marina Silva 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la”.
O perfil de Janja no Instagram segue fechado. Em 13 de março, a primeira-dama disse ter tomado a decisão de privar sua conta na rede social depois de uma onda de críticas “machistas e misóginas”.
Com a mudança, quem desejar acompanhar a primeira-dama só poderá ver as publicações caso seja aceito. Quem já a seguia, continua com acesso às postagens.
No post em que fala de Marina, Janja afirmou que a ministra “é uma dádiva” que o Brasil “tem o privilégio” de ter.
“Uma mulher pioneira na defesa do meio ambiente e na luta por um mundo mais justo e sustentável. Tem uma história de vida e de trabalho que inspiram pessoas ao redor do mundo há décadas”, escreveu a primeira-dama.
“Uma mulher gigante, que um homem com a ignorância do senador Plinio Valério jamais vai conseguir enxergar. Sua fala carregada de ódio, misoginia e de um desconhecimento sem tamanho é um reflexo de sua pequenez. É esse comportamento masculino que mata nossas mulheres diariamente”, declarou.
“Se para ele é difícil ouvir uma mulher tão inteligente falar durante 6 horas, para nós é de doer ouvir 6 segundos de asneiras vindo de sua boca. Toda minha solidariedade, afeto e admiração à minha querida amiga e Ministra Marina Silva. Você é gigante e não está sozinha”, disse.
Marina Silva falou sobre o assunto na 4ª feira (19.mar.2025). Em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministra”, do CanalGov, a ministra afirmou que a declaração de Plínio Valério foi uma incitação à violência contra a mulher.
“Isso é dito porque sou uma mulher, uma mulher preta, de origem humilde, que defende uma agenda que muitas vezes confronta interesses de alguns”, declarou.
A ministra criticou o tom de brincadeira adotado pelo senador ao fazer a declaração. “Com a vida dos outros não se brinca. Quem faz ameaças rindo, tratando isso como algo trivial, só os psicopatas são capazes”, disse.
ALCOLUMBRE REPREENDE
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), repreendeu na 4ª feira (19.mar), a declaração de Valério. Em discurso em plenário, ele classificou a fala do congressista como “infeliz” e disse que ele não poderia ter se manifestado daquela forma.
Segundo o presidente da Casa Alta, o Brasil vive um momento de “polarização” e a fala é um “combustível”. Alcolumbre disse ter sido cobrado a se manifestar e pediu que o tucano também se pronunciasse sobre o assunto.
“Tenho, pessoalmente, as minhas discordâncias do ponto de vista ideológico e partidário com algumas posições políticas da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Mas o senador Plínio Valério não poderia, em um evento, falar que acompanhou uma audiência pública de uma ministra de Estado por 6 horas e que não sabia como não enforcou a ministra Marina Silva”, declarou.
“E da mesma maneira que eu trato todos os senadores com imparcialidade, lealdade, carinho e atenção, eu precisava fazer essa manifestação”, afirmou Alcolumbre.
