Transportadoras dos Correios dão início a paralisações regionais

Empresas terceirizadas de transporte dos Correios no Paraná e na Bahia iniciaram paralisações nesta 3ª feira (1º.abr). Alegam atraso nos pagamentos. Há movimentação em outros Estados, mas não há um comando central entre os empresários.

O Poder360 conversou com donos de transportadoras nos 2 Estados citados acima, que deixaram de fazer entregas. Falou também com companhias em São Paulo –que se queixam de pagamentos picados no limite do prazo, mas que mantêm as entregas com receio de multas.

Em alguns casos, as empresas dizem ter chegado no limite do uso do seu capital de giro e que não conseguem manter o básico da operação, como abastecer os veículos. Afirmam que terão de interromper o serviço.

É o caso da transportadora Transvel, que opera para a estatal na região de Londrina (PR). O proprietário, Vanderlei Gabriel de Souza, 40 anos, disse que os 26 caminhões da empresa pararam nesta 3ª feira (1º.abr). Ele declarou que tem recebido picado e que as faturas de março estão todas vencidas.

Não tenho mais recursos. Usamos dos outros clientes para segurar o atraso, mas não cobre mais. Estamos com o imposto atrasado, parcela de caminhão atrasado. Tem empresário com busca e apreensão dos veículos. E os Correios não respondem quando vão pagar. Só alegam problemas no sistema de pagamento“, disse ao Poder360.

Os Correios vivem o pior momento financeiro de toda a sua história. Em 2024, o rombo foi de R$ 3,2 bilhões. Neste ano, as contas começaram ruins. Só em janeiro, o prejuízo foi de R$ 424 milhões.

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Paralisação de empresas que fazem entregas para os Correios na região de Londrina (PR). Nos carros, é possível ler “nós temos contas a pagar”

O Poder360 procurou os Correios para perguntar se gostaria de se manifestar e se há algum problema com os pagamentos para as transportadoras. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.

Funcionários da estatal que atuam no setor de transporte disseram que 13 empresas tiveram algum tipo de paralisação ao longo do dia.

Na semana passada, um grupo de 42 empresas de transporte terceirizadas pelos Correios fizeram uma nota conjunta dizendo que poderiam paralisar de forma definitiva todas as entregas a partir de abril. Leia a íntegra (PDF – 425 kB).

Esses empresários disseram não ter recebido pagamentos referentes ao mês de janeiro de 2025.

Não foi o 1º apelo que as empresas terceirizadas fazem aos Correios. Na semana passada, foi enviada uma outra carta ao presidente da estatal, o advogado Fabiano Silva dos Santos. Eles ameaçavam parar pela falta de pagamentos. Leia a íntegra (PDF – 802 kB).

Na semana passada, os Correios disseram ao Poder360 que já tinham iniciado os pagamentos. E que o atraso seria resultado de um “problema técnico”.

Os Correios enfrentaram um problema técnico no pagamento de alguns fornecedores, mas os pagamentos já foram realizados e as compensações serão concluídas até o início da próxima semana. Importante destacar que as entregas em todo o país não foram afetadas e ocorrem normalmente”, disseram à época.

Fabiano, presidente da estatal, é advogado e foi indicado ao cargo pelo Prerrogativas, grupo de operadores do direito simpáticos ao presidente Lula. O coletivo atuou e segue atuando fortemente contra as acusações de processos da Lava Jato. Fabiano é do Prerrô, como o coletivo é chamado, e tem relação de amizade com o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu. É conhecido como o “churrasqueiro de Lula”.

PREJUÍZO DOS CORREIOS

Em janeiro de 2025, a estatal registrou um prejuízo de R$ 424 milhões –o maior para o mês na história dos Correios.

O senador Márcio Bittar (União Brasil-AC) protocolou um pedido em 19 de fevereiro de 2025 para instalar uma CPI e investigar o prejuízo na estatal. O documento tem 32 assinaturas no Senado, e aguarda análise do presidente da Casa, Davi Alcolumbre. Leia a íntegra (PDF – 332 kB).

O Poder360 vem publicando desde novembro de 2024 reportagens sobre problemas na estatal. Trataram de a estatal desistir de ações trabalhistas com prejuízo bilionário para a empresa, gastos milionários com “vale-peru”, entre outras.

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