O general Valério Stumpf Trindade disse ter cumprido sua “obrigação” com a democracia ao ser contra a articulação de um golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em 2022, época da elaboração do plano, ele era chefe do Estado-Maior do Exército.
“Tudo o que fiz foi com o conhecimento do Alto-Comando do Exército, alinhado com o [então comandante] general Freire Gomes. Existe uma lealdade muito forte no Alto-Comando”, declarou em entrevista ao portal Metrópoles publicada nesta 5ª feira (5.dez.2024).
Ele foi alvo, antes e depois da posse de Lula, de bolsonaristas que pediam por uma intervenção militar. Conforme a publicação, sua filha chegou a ouvir que o pai era um “traidor da Pátria”.
O general disse ter sido “vítima de ataques por cumprir” sua obrigação. “Defendi a democracia em tempos complexos. Tenho orgulho de ter agido de forma leal ao comandante do Exército e ao Exército Brasileiro”, afirmou.
Entre as acusações atribuídas a ele era de que o general seria “informante” do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
“Por ser chefe do Estado-Maior à época, eu tinha contato com o Tribunal Superior Eleitoral [TSE], então presidido pelo ministro [Alexandre de Moraes]. Estávamos discutindo métodos para reforçar a segurança e a transparência das urnas eletrônicas”, disse.
“A minha interlocução era com a Secretaria Geral do TSE. Aí algumas pessoas que não sabiam de nada distorceram tudo. Alimentaram a versão de que eu seria ‘informante’, uma espécie de ‘leva e traz’, uma coisa bandida. Isso nunca aconteceu. É uma inverdade e uma agressão à minha pessoa. O contato era institucional”, declarou.
A campanha contra Stumpf nas redes sociais foi citada no relatório da PF (Polícia Federal) sobre o plano de golpe de Estado. Ao todo, 37 pessoas foram indiciadas –entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lê-se no relatório: “A partir desse momento, o modus operandi da milícia digital é empregado pela organização criminosa para pressionar, atacar e expor os generais contrários ao golpe de Estado”.